Um dos fundadores do Bonde do Maluco (BDM), Ednaldo Freire Ferreira, conhecido como Dadá, voltou a ser um dos homens mais procurados do país. O líder de uma das facções criminosas mais aterrorizantes da Bahia fugiu após uma confusão no Judiciário baiano.
A expectativa é de que ele nas ruas possa influenciar na disputa por território entre o BDM e o Comando Vermelho. Dadá estava preso desde o dia 5 de setembro, no estado de Pernambuco, na mesma prisão de segurança máxima, Itaquitinga 2, onde também está preso o líder na Bahia da facção rival: Val Bandeira.
A confusão da Justiça baiana ocorreu da seguinte forma: a defesa de Dadá pediu para converter a prisão para domiciliar, alegando que o filho do traficante tem autismo ao nível três, o mais alto, e sofre convulsões quando está longe do pai.
O pedido foi acatado durante um plantão judicial, na madrugada do dia 30 de setembro, por volta das 2h e colocado em vigor naquele mesmo dia, às 21h. Ao saber da decisão, o Grupamento Especializado de Combate ao Crime Organizado (GAECO), entrou com pedido de anulação da decisão.
No dia 3 de outubro, o desembargador Júlio Cezar Lemos Travessa revogou a prisão domiciliar do líder do BDM. No parecer, o desembargador afirmou ter estranhado o assunto ser julgado por um plantão judicial.
Ao BNews, o advogado Levy Moscovitz, explica o plantão judicial. “A competência do plantão judicial é definida pela Resolução n° 15 de 2019, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e reserva a apreciação daqueles pedidos considerados urgentes, ou seja, aqueles que não podem aguardar expediente do Tribunal de Justiça”.
O advogado explica ainda que, diante do histórico do preso, dificilmente seria concedida a prisão domiciliar. “Não é habitual uma decisão que não leve em consideração eventual, descumprimento de condições de prisão domiciliar que outrora fora concedida. Então, cabe nesses casos a defesa trazer tranquilidade ao magistrado para fins de conceder o benefício observando sempre o próprio comportamento do paciente e eventuais outras ações penais que ele responde”, finalizou Moscovitz.
A polêmica não se deu apenas pelo caso ter sido julgado de forma emergencial. O benefício de prisão domiciliar já tinha sido concedido no ano passado, quando Dadá estava preso aqui na Bahia. A alegação foi a mesma. Porém, ao permanecer em casa, cuidando do filho autista, o traficante fugiu.
O líder do BDM saiu da Bahia e foi localizado um ano depois, na BR-232, em Pernambuco, durante uma blitz da Polícia Rodoviária Federal. Em seguida, Dadá ficou preso até receber novamente o benefício por parte da Justiça baiana.
Agora, mais uma vez, Dadá não foi localizado e está foragido. Ele responde por sete processos por organização criminosa e tráfico de drogas. Entre as especulações estão se o criminoso tenta retomar a liderança da facção no estado, pois, perdeu diversos pontos de venda para o principal rival, o Comando Vermelho. Jornal da Chapada com informações do BNews.