A Justiça Eleitoral divulgou um relatório nesta quarta-feira (6) no qual diz que há indícios claros de que as ações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante as eleições do ano passado, determinadas pelo bolsonarista Silvinei Vasques, à época diretor do órgão, que visavam impedir a chegada de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas, de fato atrapalharam a disputa.
O documento elaborado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) mostra que foi constatado por mesários um atraso na votação por parte de grandes frações da população. Locais que recebiam expressiva presença de eleitores no período da manhã só ficaram mais movimentados pela tarde, o que foi tecnicamente classificado como “baixo fluxo de comparecimento de eleitores e eleitoras”.
A juíza Erika Corrêa, responsável pela apuração, usou como base as informações disponibilizadas no sistema e os relatos de mesários e funcionários da Justiça Eleitoral na cidade de Campo Grande. O dia de votação foi separado em três partes e o que se constatou foi que das 8h às 12h46, horário em que a maior parte dos eleitores já teria comparecido aos locais de votação, apenas 38,28% dos inscritos para votar tinham aparecido.
Já no período da tarde, às 15h30, seguia baixo o número de votantes: 60,46%. Só mais próximo do fim, às 16h58, quase no horário de encerramento do pleito, é que o índice de eleitores que foram votar chegou a 75,02%, o que faz deduzir que, ainda assim, muitas pessoas teria deixado de exercer esse direito por terem sido impedidas de chegarem aos colégios eleitorais.
Uma outra possibilidade analisada é a de que eleitores com documento do veículo em atraso, ou em situação irregular, tenham desistido de ir até a cidade vizinha onde votam para participar da eleição, com medo da apreensão de seus automóveis ou motocicletas.
A conclusão do relatório fala em “impacto significativo no deslocamento de eleitores e eleitoras aos seus locais de votação”, o que na prática indica que a ação orquestrada pela PRF, sob comando de Vasques, que se supõe ter o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pode ter até surtido algum efeito final, embora insuficiente para alterar nacionalmente os resultados da disputa. As informações são da Fórum.