O presidente Lula (PT) falou pela primeira vez sobre violência contra a mulher desde a denúncia feita contra o filho Luís Claudio Lula da Silva, acusado de agressão pela ex-namorada. Sem citar o caso, ele disse que “mulher não foi feita para apanhar”.
O que aconteceu
Lula fez a declaração ao falar sobre a importância da educação e do trabalho para a autonomia feminina. O presidente ressaltou que é inegável o fato de que “existe muita violência contra a mulher” no país e que, na maioria das vezes, essas violências ocorrem dentro de casa porque o marido “não respeita a mulher”.
O presidente não abordou a denúncia contra o filho diretamente. Após as denúncias, o UOL procurou a Secom (Secretaria de Comunicação Social), mas o Planalto não quis comentar o tema.
Lula citou a mãe, dona Lindu, como exemplo de mulher que conseguiu se livrar de um marido “bruto”. Lula explicou que o pai não permitia que as irmãs estudassem para que não aprendessem a “escrever cartas para o namorado”, e a mãe preferiu deixá-lo para que os filhos não precisassem crescer ao lado da “brutalidade do pai”.
“Tenho orgulho da minha mãe porque, normalmente, as pessoas falam que, quando o marido bate na mulher, ela fica dentro de casa porque depende dele para comer. A minha mãe tinha oito filhos, meu pai era muito bruto, ele não queria que as minhas irmãs fossem para a escola para não aprender a escrever cartas para o namorado. A minha mãe teve coragem de largar do meu pai, saiu de onde a gente morava, veio para São Paulo, criou os oito filhos da forma mais decente possível, e o filho dela está aqui presidente da República.“ Presidente Lula, em discurso em Brasília.
Lula reiterou a importância da profissionalização para a independência feminina. “Além da profissão ser importante para o homem e para a mulher, para a mulher é mais sagrada, porque, com o estudo e a profissão, a mulher que trabalha ganha respeito e vai dizer para o marido: ‘Eu tô com você porque gosto de você e você me respeita, se você levantar a mão para mim, largo você e vou cuidar da minha família, porque mulher não foi feita para apanhar'”.
Em seguida , Lula disse que dona Lindu lhe ensinou a jamais agredir fisicamente a mulher quando casasse. “Minha mãe era analfabeta, mas dizia para mim: ‘Meu filho, se um dia você casar e tiver problema com sua mulher, nunca levante a mão para sua mulher. Se não estiverem vivendo bem, saia de casa e vá procurar o que fazer, mas nunca levante a mão para bater numa mulher’.”
Lula ainda fez menção à lei aprovada pelo governo no Congresso que garante igualdade salarial entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo. “Não tem essa de mulher ganhar menos que o homem na mesma função, e a gente aprovou essa lei para fazer um reparo na história desse país. A mulher não quer ser tratada como objeto de cama e mesa.”
Entenda o caso
A médica Natália Schincariol acusa Luis Claudio de violência doméstica, conforme o boletim de ocorrência registrado no último dia 2 de abril. Eles formaram um casal por dois anos.
Ela relatou ter sido vítima de agressões “de natureza física, verbal, psicológica e moral”. A médica citou especificamente “uma cotovelada na barriga” em uma briga em janeiro deste ano, quando estava com o celular dele na mão, checando possíveis traições. A mulher relatou que foi hospitalizada com crises de ansiedade e que recebe ameaças e ofensas constantes dele, que a chamou de “doente mental”, “feia” e “vagabunda”.
Natália disse que teria sido pressionada a não denunciar as agressões, já que o então companheiro teria “influência”. O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu a ela uma medida protetiva.
Ao UOL, Luis Claudio disse que jamais agrediu a médica e que irá provar sua inocência. Segundo ele, as traições mencionadas pela ex são fantasiosas. “Jamais agrediria ela. Desde o término do relacionamento, em janeiro deste ano, sempre fui muito atencioso com ela. Nunca chamei ela destes nomes todos que ela diz. Vou provar minha inocência”. As informações são do site UOL.