Pela primeira vez, aproximadamente 32 mil km² dos municípios da Chapada Diamantina estão sendo mapeados com uma escala geográfica extremamente detalhada. Esse detalhamento fornecerá informações valiosas para a formulação de políticas ambientais e sociais nas 23 cidades envolvidas no projeto. A nova cartografia é baseada em imagens capturadas por aviões e drones, garantindo precisão e profundidade na análise da região.
O projeto, iniciado em julho do ano passado, já concluiu a captura de imagens de metade do território previsto. A previsão é que, até 2025, todos os municípios sejam fotografados. Essas imagens estão sendo usadas para compilar informações detalhadas sobre as localidades, que, posteriormente, estarão acessíveis ao público por meio do portal SEIGeo, administrado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
O estudo é fruto de uma colaboração entre a SEI e a Topocart, uma empresa do Distrito Federal com mais de 30 anos de experiência em soluções cartográficas. Jéssica Medeiros, geógrafa e analista técnica da Topocart, detalha as possíveis implicações desse projeto. “Estamos gerando uma base de dados cartográficos que envolve desde a coleta de um poço até o sistema viário das cidades. Pegamos a área da Chapada Diamantina e mapeamos tudo o que conseguimos ver a partir das imagens que estamos produzindo”, explica.
Mapeamento
Anteriormente, a cartografia de referência da Bahia era elaborada na escala de 1:100.000. O novo projeto, por sua vez, adota uma escala de 1:25.000, oferecendo um nível muito mais detalhado. “Com o passar dos anos, nossa capacidade de produzir cartografia avançou significativamente, especialmente em termos de qualidade das imagens. Esse mapeamento detalhado proporciona aos gestores públicos uma visão aprofundada da realidade local”, explica Jéssica Medeiros.
Embora as imagens sejam estáticas, elas permitirão comparações com registros anteriores. Mudanças como o desmatamento e a expansão urbana serão notáveis, especialmente na Chapada Diamantina, ao longo das últimas décadas. Entre os municípios que serão incluídos no mapeamento estão Lençóis, Palmeiras, Seabra, Mucugê e Itaberaba.
Eliza Maia, geógrafa da Coordenação de Cartografia e Geoprocessamento (Cartgeo), afirma que o projeto será fundamental para a verificação e atualização das informações sobre os territórios. “Nosso objetivo é checar incertezas na classificação de feições, como alguns casos de massas de água em que pode haver confusão entre lago, lagoa e represa. Além de confirmar a existência ou não de cursos de água e de terrenos sujeitos à inundações”, ressalta.
As imagens terão a capacidade de revelar os efeitos das atividades humanas no bioma da Chapada Diamantina. Em setembro, 150 bombeiros militares estão empenhados no combate a incêndios na região. Até o momento, os brigadistas já lidaram com cerca de 300 ocorrências em municípios da Chapada neste ano.
Geopublica 2024
A iniciativa de mapear a Chapada Diamantina foi revelada na quinta-feira (12) durante a 13ª edição do Geopublica, realizada no Fiesta Convention Center em Salvador. Este evento destaca uma variedade de projetos que utilizam geoinformação, um recurso cada vez mais valioso para soluções em serviços públicos e privados. As informações sobre territórios mapeados são essenciais para abordar questões socioambientais.
O tema deste ano do Geopublica é “Gestão Pública: Geoinformações e Compromissos de Governo”. Com mais de 300 participantes inscritos, o evento começou na quarta-feira (11) e se estendeu por três dias. Durante a programação, palestrantes compartilham projetos que aplicam informações georreferenciadas em áreas como meio ambiente, gestão territorial e saúde.
“O Geopublica é um encontro anual de produtores e usuários de geoinformações. A geoinformação é toda informação que possui uma referência sobre um território. Ela é utilizada desde aplicativos de viagens até levantamentos que baseiam políticas públicas, como o lugar ideal para construir uma escola ou um posto de saúde”, explica Cláudio Pelosi, diretor de informações geoambientais da Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia (SEI).
O evento é promovido pela Comissão Estadual de Cartografia e Geoinformação (Cecar), coordenado pela SEI e realizado em colaboração com diversos órgãos estaduais. Na Bahia, o uso de geoinformações, como mapas e imagens de satélite, desempenha um papel crucial na previsão e mitigação de desastres ambientais, conforme destaca Cláudio Pelosi.
“Utilizamos informações em nível nacional, através do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que fornecem informações diárias e alertas sobre ocorrências ambientais. Temos conversado com a coordenação da Defesa Civil no intuito de fazer um trabalho, com ferramentas próprias, para avançar no trabalho”, completa.
Nesta sexta-feira (13), ocorrerão minicursos online sobre QGIS Básico, uma ferramenta de processamento de dados, e sobre Qualidade de Dados Geoespaciais. As sessões serão transmitidas pelo canal SEI Bahia no YouTube. Jornal da Chapada com informações do portal Correio.