No Brasil, 25 de novembro marca o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, mas os números revelam que ainda há muito a ser feito para proteger as brasileiras. De acordo com a pesquisa Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio, conduzida pelo Instituto Patrícia Galvão e pela Consulting do Brasil, 21% das mulheres já foram ameaçadas de morte por parceiros atuais ou antigos. Além disso, seis em cada dez conhecem alguém que vivenciou a mesma situação, com as mulheres negras sendo as mais afetadas.
Dados que assustam e refletem a realidade
A pesquisa, apoiada pelo Ministério das Mulheres e financiada pela deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), revela que 60% das mulheres ameaçadas decidiram romper com seus agressores após as intimidações, uma atitude mais comum entre mulheres negras. Apesar do medo, apenas 30% das vítimas registraram queixa e somente 17% solicitaram medidas protetivas, expondo a descrença na efetividade da Justiça.
Outros dados preocupantes mostram que duas em cada três mulheres acreditam que agressores permanecem impunes e que a sensação de impunidade alimenta o aumento de casos de feminicídio. Entre as participantes, 42% afirmaram que muitas mulheres subestimam o perigo das ameaças, o que pode ser fatal.
Histórias que denunciam a tragédia
A diarista Zilma Dias conhece bem essa realidade. Em 2011, perdeu uma sobrinha de 17 anos, assassinada pelo ex-companheiro. Ela mesma enfrentou anos de abusos e cárcere privado, até conseguir escapar de seu agressor. Histórias como a dela são exemplos de como o ciclo de violência perpetua o sofrimento de muitas mulheres no país.
Zilma reforça que a cultura de obediência e silêncio imposta às mulheres precisa ser combatida. “Hoje, eu vejo que racionar comida, ser proibida de trabalhar e ver minha família não era normal”, desabafa.
Campanhas e rede de apoio
Apesar dos desafios, há iniciativas promissoras. Campanhas de incentivo à denúncia e o uso das redes sociais como plataformas de apoio foram destacadas por 80% das mulheres entrevistadas. No entanto, a percepção de que a rede de atendimento é insuficiente para a demanda e que as autoridades não tratam as denúncias com seriedade são barreiras significativas.
Como buscar ajuda
Quem enfrenta ou conhece alguém que viva situações de violência doméstica pode buscar ajuda por meio dos seguintes canais:
• Ligue 180: Atendimento exclusivo para vítimas de violência doméstica.
• Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher: Presentes em diversas cidades do Brasil.
• Casa da Mulher Brasileira: Unidades em cidades como Salvador, São Paulo, Fortaleza, e outras.
Jornal da Chapada