Em maio do ano passado, a jovem Amanda Amaral Lopes, então com 24 anos, destacou-se como a primeira pessoa com Síndrome de Down (SD) na Bahia a concluir um curso de nível superior. O fato de ela ter se tornado bióloga, sem dúvida, quebrou paradigmas, ao mostrar que uma pessoa com SD é como outra qualquer, com seus sonhos, desafios e conquistas. É justamente o que mostra a recente campanha da Ser Down (Associação Baiana de Síndrome de Down), em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado no próximo dia 21.
A campanha – que conta com o apoio dos principais meios de comunicação da Bahia, além de veículos nacionais como o portal Terra – intensifica a promoção de uma sociedade capaz de conviver de forma natural com as diferenças. Afinal, pessoas como Amanda, a jovem bióloga, ainda sofrem preconceitos e enfrentam inúmeros obstáculos no processo de inclusão na sociedade.
Os anúncios publicitários da campanha mostram imagens de pessoas com SD, a exemplo da pequena Lis, de 1 ano e 5 meses, e do casal Gustavo e Júlia, e são apoiados por textos que reforçam a ideia de que uma pessoa com Síndrome de Down é como outra qualquer. Constituem família, trabalham, estudam, enfim, possuem uma vida normal, produtiva. A campanha conta, também, com spots para rádios e comerciais para a tevê.
Para Lívia Borges, uma das diretoras da Ser Down, o dia 21 de março marca a luta das pessoas com SD. “Elas ainda sofrem preconceito em vários espaços sociais. Mas já caminhamos com perspectivas de mudança”, salienta, destacando que, desde 2012, a data entrou para o calendário oficial da Organização das Nações Unidas, a ONU, o que representa um avanço histórico e social.
“É um marco civilizatório em Direitos Humanos para o Brasil e para as outras nações. Pelo terceiro ano consecutivo, a ONU promoverá nesta data uma conferência para discutir questões relativas às pessoas com Síndrome de Down. Este ano, em Nova York, nos Estados Unidos, o evento terá como tema o acesso aos cuidados de saúde. A corrente de transformação é mundial”, enfatiza.
Inclusão
Composta por pais de pessoas com Síndrome de Down, a Ser Down atua fortemente há 18 anos com políticas públicas em toda Bahia na busca da inclusão dos especiais na sociedade. Sem fins lucrativos, a associação acredita no grande potencial das pessoas com SD e considera que o seu desenvolvimento depende não apenas das suas características individuais, mas também dos estímulos que lhes forem dados.
A entidade trabalha no sentido de promover meios que facilitem o desenvolvimento das pessoas com SD e a sua inclusão na sociedade. Pai da garota Júlia, de 9 anos, o auditor José Raimundo Mota, um dos diretores da associação, salienta que a sociedade não pode mais enxergar a SD como uma doença. “O preconceito é histórico. As pessoas com down devem ser vistas como outras tantas que se vê nas ruas, nos shoppings, nos parques”.
A filha de Mota, por exemplo, pratica atividades típicas de uma garota da idade dela. Faz capoeira, natação, balé, além de estudar em uma escola tradicional de Salvador. “Tudo isso possibilitou que as pessoas entendessem que ela é uma criança capaz como as outras. Também não abrimos mão da educação em escola regular”, conta.