O presidente da Câmara de Vereadores de Barreiras, no oeste da Bahia, confirmou neste sábado (22) que a vereadora Núbia Araújo (PP) ofendeu um líder estudantil, usando a expressão “bicha louca” durante sessão realizada na última quarta-feira (19). Segundo Carlos Tito (PDT), o comentário da vereadora foi “infeliz e impensado”. “De fato, esse episódio ocorreu sim. Foi uma sessão muito tumultuada no sentido do barulho. Um vereador estava se pronunciando e ele foi interrompido pela vereadora com essa intervenção infeliz. Ela disse para mim: ‘Presidente retire essa bicha louca’ ou algo parecido. Eu a repreendi e pedi ordem. Foi uma fala infeliz, impensada pela vereadora. É incabível isso”, afirma o presidente da câmara Carlos Tito.
O site G1 tentou contato com a vereadora Núbia Araújo, mas ela não foi encontrada. Por telefone, na sexta-feira (21), uma mulher que diz ser sua filha informou que a edil irá se pronunciar somente na terça-feira (25), quando, segundo ela, deverá ser realizada uma audiência entre as duas partes. Neste sábado, o G1 tentou falar novamente com a vereadora, mas ela não atendeu as ligações.
Segundo o vereador, na segunda-feira (24) haverá uma reunião entre a Mesa Diretora da câmara e a vereadora para discutir o caso. “Nós vamos nos reunir para avaliar a fala dela e tomar as decisões regimentais. No âmbito do poder legislativo, ela pode sofrer uma advertência e a Mesa Diretora também pode abrir um processo por quebra de decoro”, explica.
Para o presidente, a vereadora deveria “assumir o erro” e pedir desculpas ao estudante. “Nós não podemos ocultar ou concordar com esse tipo de atitude. Eu já fui a programas de rádio pedir desculpas pela câmara. Acho que ela deveria se portar da mesma forma. No mínimo, tem que haver uma retratação da vereadora”, opina.
Denúncia
João Felipe é presidente da União da Juventude Socialista (UJS) de Barreiras e conta que participava com outros membros do grupo da sessão na câmara, quando uma confusão começou após um vereador fazer críticas a uma ONG.
“Nessa semana foi cortado o convênio da Escola Lar De Emmanuel, que é uma ONG que funciona como escola e orfanato. Aí quando abriram a sessão para as palavras dos vereadores, um deles falou inverdades sobre a ONG. Várias pessoas que estavam lá se sentiram indignadas e gritaram ‘mentira’. Na hora que eu estava gritando, a vereadora Núbia pegou o microfone e pediu ao presidente [da Câmara] que retirasse “essa bicha louca daqui”, relatou o estudante.
De acordo com João Felipe, após ser ofendido, ele chamou a vereadora de “homofóbica”. “Foi aí que veio um assessor dela e disse: ‘Respeita a vereadora senão eu vou te dar uma surra, vou passar o carro por cima da sua moto’. Aí eu me retirei do local porque estavam ameaçando chamar a polícia”, diz.
João Felipe conta que registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia da cidade e que pretende entrar com uma ação contra a vereadora. “Fiz um boletim contra a vereadora e contra o assessor. Foi crime de homofobia e ameaça. Eu não desacatei ela, a chamei de homofóbica”. O delegado Alírio de Araújo, que investiga o caso, afirma que os dois serão ouvidos no caso. Segundo ele, ainda não foi definido um prazo para as oitivas. Extraído do G1.