Por Mehdi Agha Mohammad Zanjani*
O que vemos hoje na faixa de Gaza é um dilema que até para os apoiadores de uma “intervenção militar humanitária” no mundo ocidental, mesmo utilizando qualquer instrumento e ferramenta não é solucionável.
Talvez o exemplo mais óbvio do imperialismo humanitário nos anos recentes, foi a intervenção militar ocidental na crise da Líbia. No que diz respeito sobre a natureza nesta crise, foram apresentados opiniões diferentes. Alguns analistas ocidentais fizeram todos os esforços para que interpretassem esta crise com o conceito de uma revolta para estabelecer a democracia, mas foram e são ainda os que crêem que o que aconteceu na Líbia foi o resultado de uma rivalidade tribal entre as partes orientais e ocidentais nesse país africano. Também, muitos analistas vêem com uma sofisticada análise, vários fatores nesta crise incluindo o papel das tribos, das redes sociais e dos rebeldes ou até como uma forma de governo de Gazafi e seus companheiros da tenda. A preservação da democracia e o direito humanitário foram citados como medidas autorizadas de uma guerra justa.
Seja o que for não há dúvida que a intervenção nunca foi destinada a salvar as pessoas do mau governo ou estabelecer a democracia, mas sim com o objetivo de dominar os recursos do petróleo do país Mediterrâneo. Além disso, o aproveitamento final das revoltas populares somente é possível quando elas são comprometidas com as suas bases.
O que aconteceu na Líbia, alguns analistas chamam de “imperialismo humanitário”; outros também o chamam de “realismo liberal”. O que seja o nome desse fenômeno tem pelo menos três características óbvias:
1) Prossegue por motivos expansionistas;
2)É uma invenção do campo imperialista, ou melhor, por “países de centro”;
3)Os principais motivos foram definidos pelas questões humanitárias e a violação dos direitos humanos.
Samantha Power, Representante dos EUA para as Nações Unidas e Susan Rice, Conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, que dizem ser oposta a visão parcialmente realista de John Kerry, ambas são calorosamente defensoras da teoria da intervenção humanitária por Washington, apelando para o conceito de guerra justa, alegando que as nações poderiam individualmente ou em conjunto, recorrer à força quando moralmente justificada. Mas nunca passou pela imaginação destas duas defensoras falarem de teoria de intervenção humanitária na catástrofe humana na faixa de Gaza.
Dilema da faixa de Gaza
O que está acontecendo em Gaza, para os seguidores da teoria do imperialismo humanitário é um dilema. Um termo nas relações internacionais com um significado e aplicação específica. Um dos mais famosos tipos de dilema nas relações internacionais é “o dilema da segurança” o termo adota uma concepção estrutural na qual os Estados têm que obter por sua própria conta os meios necessários para a sua segurança, sem depender de ninguém.
Neste dilema, entre as três característica acima ditas, uma está vigente e duas outras não são possíveis. Há sem dúvida que os direitos humanos na Faixa de Gaza são mais violados que na Líbia ou em outros lugares do mundo. Em uma pequena escala geográfica, 1,5 milhões de pessoas estão diariamente sob ataques de artilharia pesada e a única chance de respirar trégua, são as várias horas que ocasionalmente anunciam cessar-fogo. Durante esse cessar-fogo geralmente ele evacuam os corpos das vitimas sob os escombros.
Mas na faixa de Gaza, o imperialismo humanitário não pode buscar nenhuma motivação de expansionismo. Essencialmente, a principal ambição Imperial no mundo tem raízes nos mesmos agressores que estão hoje na Faixa de Gaza violando os direitos humanos. Onde houver ambição expansionista encontram-se vestígios e as pegadas do sionismo direta ou indiretamente. Por outro lado, a maioria das instituições constituintes da arrogância no mundo de hoje, são as instituições sionistas.
O grande lobbys dos EUA e Europeus ou no Congresso e até do governo dos Estados Unidos são os conceitos que formam o imperialismo mundial. O que eles ganham com uma intervenção militar contra o Israel?
Resolver o enigma na opinião pública ocidental
Para resolver esta dilema maçante, os imperialistas humanitários não têm outra escolha a não ser utilizar “o terrorismo”. Atrevidamente, chamam uma nação e sua resistência contra a ocupação e contra o bloqueio “terrorista” propagando esta ideia com uma variedade de tipos de técnicas mediáticas ao seus interlocutores.
Claro que, este é apenas uma tentativa de resolver a dilema. O desenvolvimento de ferramentas globais, tais como a influência de redes sociais e redução de predominação de notícias nas mídias ocidentais, diminuiu drasticamente o poderio de justificativas dos imperialistas. As redes sociais estão cheias de fotos e vídeos de crimes do regime sionista e não há como impedi-las.
Os Slogans “Rezamos para Gaza” e ” Gaza sob ataque”, atualmente, são os temas mais populares no Twitter. Hoje em dia não se ouve a voz de Samantha Power e Susan Rice. Este tenebroso silêncio até o momento que novamente o imperialismo humanitário vem ajudar o Ocidente, causa embaraço e constrangimento para os seus seguidores.
*Mehdi Agha Mohammad Zanjani- Conselheiro da Embaixada do Irã em Brasília