Derrotado na disputa pelo Senado, o presidente do PMDB na Bahia, Geddel Vieira Lima, afirmou ontem que continuará lutando pelos interesses do povo baiano e que sua derrota na disputa eleitoral não o desmotivou a continuar sua vida política. Em entrevista à Radio Metrópole, ele não descartou pleitear próximas eleições, mas ressaltou que não há hipótese de vir a ser candidato à Prefeitura de Salvador em 2016, como cogitado nos bastidores. Sem mostrar preocupação com o futuro político, ele informou que continuará na militância e trabalhará para apontar os melhores caminhos para o Estado. “Vou continuar exercendo o meu papel, da crítica qualificada. Eleição é um processo que vai se repetir e eu vou estar na disputa, lutando, até onde eu tiver força, até o fim dos meus dias. Continuar no papel político do meu estado e do Brasil”, declarou o político, durante entrevista aos apresentadores Mário Kertész e Zé Eduardo.
O peemedebista – que disputou na coligação “Unidos Pela Bahia”, tendo como candidato ao governo o democrata Paulo Souto – disse que suas forças, neste momento, estão concentradas na campanha para eleger o presidenciável Aécio Neves (PSDB) no dia 26 de outubro. “Levantei, sacudi a poeira, e estou na luta, engajado na campanha de Aécio, trabalhando, dando entrevistas… O Brasil tem que efetivamente dar uma chance à novidade, a um novo modelo pro país”, declarou, afirmando como motivos para mudança as dificuldades que o país vem passando. “A inflação está aí, o crescimento da inflação tem sido pífio. E o único discurso que o PT apresenta ao país é o discurso do medo como o fim dos programas sociais e do Bolsa Família”, disse. O suposto esquema de corrupção na Petrobras também foi tema de comentários de Geddel, que, após a derrota, assumiu a presidência do PMDB baiano, posição deixada pelo irmão, o deputado federal mais votado na Bahia, Lúcio Vieira Lima.
Em depoimento à Justiça na última quarta-feira, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio, afirmou que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP. Geddel, ex-ministro de Integração Nacional no governo Dilma, afirma ser mentira. “Essa história que é dinheiro para partido é mentira. Isso é para alguns crescerem patrimônio individual. Eu faço parte da executiva estadual do PMDB e não vi dinheiro nenhum”, disparou. Na entrevista, o candidato mandou ainda um recado para aquelas pessoas que vão votar no dia 26 de outubro e pediu um voto consciente. “O povo brasileiro precisa entender que não dá pra ir pras urnas com medo. O medo não é o sentimento da decisão nesse momento. Ninguém pode acreditar que se pode pôr fim ao programa como o Bolsa Família, e ontem no debate ficou comprovado que foi criado no governo de FHC, e Lula, sabiamente, juntou e alavancou”.
Questionado se iria sair candidato em 2016 para a prefeitura de Salvador, o peemedebista disse que não e descartou possibilidades de assumir um cargo federal, caso Aécio Neves seja eleito Presidente da República. “Não serei candidato em 2016, não há hipótese, nem postulo lugar de vice na chapa. Agora tô engajado em Aécio e pela crença que tem de que é preciso mudar o Brasil. Depois vamos ver. Se Aécio ganhar a eleição, é um comportamento, Aécio perdendo, é outro comportamento. Sobre a possibilidade de assumir cargo, não trabalho com essa hipótese”. O peemedebista contestou ainda os rumores nos bastidores políticos de que sua relação com o atual prefeito da capital baiana ACM Neto estava amarga. “A minha relação com ACM Neto tem sido das melhores, com muita tranquilidade e com muita serenidade, tem sido uma relação franca e clara. Política a gente faz virando página, guardar mágoas do que não conseguiu realizar… Acho que Neto está fazendo uma boa administração municipal”, destacou.
O presidente do PMDB na Bahia, Geddel Vieira Lima, teceu críticas também ao atual governador do Estado, Jaques Wagner, que, em entrevista concedida à Folha de São Paulo, afirmou que o PMDB está se acabando. “Ele está nitidamente arrogante. Nós elegemos o deputado federal mais votado e seis deputados estaduais. Ele deu uma entrevista onde afirmou que ‘dizem que Aécio bebe. Será que Wagner não sabe o que dizem dele?”, disparou. Engajado na campanha tucana para a Presidência da República, ele disse que caso a presidente Dilma seja eleita, ela encontrará grandes dificuldades em 2015 por causa dos escândalos envolvendo a Petrobras.
“Vamos ter um ano complicado. Vamos ter um ano de profundas cassações. Dilma eleita vai ter complicações gravíssimas no Congresso. Não tenho dúvida de que alguém vai preso”, opinou. Sobre o ex-prefeito de Salvador João Henrique, cujo mandato teve participação do PMDB, Geddel assumiu mea-culpa, mas destacou obras importantes na gestão do ex-gestor que ocorreram com seu apoio à frente do Ministério da Integração Nacional. “Não fui eu quem elegeu JH. Ele teve 700 mil votos em Salvador. Ele era um instrumento pra ajudar Salvador. E aí está a Avenida Centenário, Avenida Vasco da Gama, o Imbuí, centenas de encostas e escadarias drenantes, várias macrodrenagens no subúrbio. Agora, foi João Henrique que deixou o PMDB…”, declarou. Extraído da Tribuna da Bahia.