Continua o suspense sobre a posição que o governador Jaques Wagner (PT) assumirá na nova gestão da presidente Dilma Rousseff (PT). Ontem, em conversa com a imprensa, ele desconversou sobre as especulações e, conforme esperado, não anunciou o saldo sobre o diálogo que teve com a líder petista. “Não recebi o convite. Conversei com ela, disse que estava à disposição para ajudá-la e sou parceiro dela e do projeto que ela vem construindo. Eu acho que esse é um momento importante de afirmação da democracia”, disse.
Segundo a Folha de S. Paulo, Lula tem a pretensão de encaixá-lo na Petrobras, para apagar o incêndio de imagem que consome a empresa. Contudo, comenta-se nos bastidores que o petista sonda a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “Ela me disse que quer contar comigo, mas não discutimos qual posição eu ficaria”, completou. Wagner acredita que até a primeira quinzena de dezembro os anúncios dos ministérios começarão a sair.
Petrobras – O chefe do Palácio de Ondina também comentou os escândalos envolvendo a Petrobrás. Ele não confirmou a informação ventilada de que faz parte do constituído Gabinete de Crise da Presidência da República a respeito das denúncias. “O gabinete está formado em Brasília. Eu, como parte do projeto, estou contribuindo. Fiquei um dia e meio em Brasília conversando com todos, mas claro, temos que administrar esses problemas surgidos com todas as investigações, que eu entendo que têm que prosseguir até chegar em seu termo final e punição”, afirmou.
O político pregou a penalização dos culpados, ao fim das investigações e que esse é o único artifício de acabar com a corrupção. “A única forma de terminarmos com o mau uso do dinheiro público é penalizando aqueles que continuam insistindo na utilização do dinheiro público para outras finalidades”, discorreu. Também fez questão de lembrar da orientação que deu ao seu secretariado. “Quando eu tive a primeira reunião com o secretariado do meu governo, eu fui enfático: quando fizeram o malfeito, não me procurem, procurem seus advogados. Eu creio que temos que dar o exemplo”, disse.
Confiante na atuação do Judiciário, o mandatário petista afirmou que as investigações mostram que as instituições brasileiras estão funcionando. “Eu creio que a presidente está colocando tudo aquilo sob seu alcance à disposição da Justiça e da própria política e eu creio que a única forma da gente consolidar a democracia é mostrar que a justiça funciona”, analisou. Sobre a polêmica declaração do deputado Carlos Gaban (DEM) que apontou a aprovação de um empréstimo do metrô, cujas verbas serão repassadas para empreiteiras envolvidas no caso, o governador minimizou. Desafiou o democrata a demonstrar qualquer irregularidade no processo e na licitação. “A Assembleia está para investigar, se tem algum problema, é só apontar”, rebateu.
Questionado se o governo Dilma iniciará 2015 enfraquecido, o padrinho político do novo governador Rui Costa (PT) solicitou parcimônia. “Não quero acusar ninguém, mas não dá para sacar daqui e dali uma posição de desestabilização, pois não é bom para ninguém. A presidente da República, se quer encontrar um bom quadro de combate à corrupção, pode achar igual a ela, mas mais do que ela, eu desconheço”, defendeu.
O governador reafirmou sua posição de defesa ao atual secretário do Planejamento do estado, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras que está no centro das investigações da estatal. Para o político, o seu companheiro de sigla continua em seu secretariado até o final do seu mandato frente à governadoria. “Digo que, até prove o contrário, todo mundo é inocente. Evidente que pode ter suspeita, investigação, mas não tem nenhum processo formado contra ele. Tem muita condenação que vai de um vazamento de investigação e a pessoa é transformada em condenado… Conheço muito bem o Gabrielli e sei que, no final, ficará provado que ele não tem nenhum envolvimento nisso”, disse.
O petista elogiou Gabrielli, o chamou de “grande quadro” e lembrou que não condena pessoas por meio do que é veiculado pela imprensa. “Não condeno ninguém por notícias de jornal, televisão e rádio. Por suspeita de algo. Não é a primeira vez que isso acontece. Na hora que teve a condenação de alguém, aí sim, pode ter certeza de que nós não vamos conviver com isso. Não posso julgar ninguém”, finalizou. Segundo informação de O Globo, o governador já havia dito ao seu colega que ele o conhece. “Você só sai se quiser”, comentou. Extraído da Tribuna da Bahia.