O passe livre para portadores do vírus HIV/Aids foi defendido pelo vereador de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT), durante sessão especial nesta sexta-feira (5), na Câmara Municipal. Como forma de garantir a locomoção para tratamento, o edil petista quer isenção da passagem de ônibus coletivo e estuda a modificação do Projeto de Lei 4848, apresentado na Casa Legislativa, que institui o Dia Municipal do Canceriano e “Aidético”, expressões essas que não são mais utilizadas. “Estamos estudando um novo projeto para substituir esse que ficou obsoleto. Sobre o pedido de passe livre para a população portadora do vírus, deve ser entendido como um passo importante para ajudar a mudar atitudes preconceituosas, que geram baixa autoestima e inúmeros outros problemas de ordem pessoal. A conscientização é algo fundamental, apesar dos coquetéis que prolongam o tempo de vida, a juventude tem que se conscientizar dos riscos e se prevenir”, afirma o vereador.
O projeto para o passe livre foi apresentando pelo membro da Rede Nacional de Positivos, Moysés Toniolo. Segundo ele, “muitos dos infectados não vão ao médico e terminam adoecendo e morrendo porque não têm como ir. Pobre, negro, morador da periferia e soropositivo sofre discriminação e descaso do poder público. São 15 anos de luta que não podem se perder. O governo tem que dar atenção e repassar a verba para as pessoas terem este direito”, afirma. No Brasil, estima-se que 278 mil indivíduos são soropositivos e, na Bahia, 25.760. Para Ênio Soares, da Secretaria Municipal de Saúde, a Aids hoje é um problema crônico. Ele pontuou que os idosos estão com taxa alta de detecção da doença, assim como os jovens. “Em 10 anos, houve uma redução tímida no número de óbitos, 6,4 por 100 habitantes em 2003 e 5,7 por 100 habitantes em 2013”, completa Soares.
De acordo com a representante do Fórum Baiano de ONG/Aids, Sandra Muñoz, existem inúmeras dificuldades em um relacionamento entre soropositivos. “[Quando as] mulheres casadas solicitam o uso da camisinha com seus maridos e não são atendidas, alguns destes momentos resultam em agressão doméstica, por causa da falta de entendimento do companheiro”. Concluindo a sessão, Suíca falou que a mobilização “não tem que ocorrer apenas no dia ou semana da luta mundial, mas todos os dias em busca de um resultado positivo para esta comunidade”. Além do vereador petista, a mesa de trabalho foi composta por Rafael Pedral, do Fórum Baiano LGBT, Ênio Soares, da Secretaria Municipal de Saúde, Guilherme Storti, do Aborda (redução de danos), Moysés Toniolo, da Rede Nacional de Positivos, Maria Aparecida Figueredo, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), Sandra Muñoz, do Fobong, Pe. Alfredo Dória, do IBCM, e Javier Angonona, da Unaids Brasil.