Após ter a participação no primeiro escalão prejudicada pelos desentendimentos internos, o PR baiano ainda aguarda ser contemplado nas escolhas dos nomes para o segundo escalão do governo. O governador Rui Costa (PT), após a montagem da equipe de secretários, declarou que na segunda etapa concederia espaço para as indicações do partido, mas até o momento não bateu o martelo sobre a integração da sigla ao seu time. O PR compôs com oito partidos – atualmente 12 –, o grupo de aliados que ajudou a eleger Rui ao Palácio de Ondina, e o seu líder, o deputado João Carlos Bacelar, faz questão de lembrar-se dessa “contribuição” para mandar o recado. “Não vamos aceitar ficar a reboque e por último com o que sobrar”, disse ontem, em conversa com a reportagem do jornal Tribuna da Bahia.
O presidente conta que conversou durante o Carnaval com o secretário de Relações Institucionais, Josias Gomes (PT), de quem obteve a promessa que levaria a reivindicação ao governador, contudo, até o momento não houve respostas. “Estamos aguardando o governador se posicionar. Eu disse que o partido é aliado de primeira hora, desde a campanha, ainda em junho. O partido precisa continuar contribuindo”, afirmou. O assunto será levado ao ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), com quem Bacelar deve ter uma audiência ainda esta semana. Ao ressaltar a necessidade de definição, o dirigente republicano faz referências à articulação política realizada na presença de Wagner para que o partido se coligasse na corrida eleitoral ao então candidato petista.
“Acho que o partido precisa ser valorizado pelo peso que teve nas eleições, pela altura do que representou durante o processo”, frisou. Ele destaca a aliança nacional com a presidente Dilma Rousseff, como um dos pontos que ajudam na integração do partido à gestão petista no estado. “O alinhamento nacional facilita para que possamos trazer mais recursos”, disse, pontuando algumas obras do Ministério dos Transportes, comandado pelo republicano Antonio Rodrigues. O presidente lembra a Ferrovia Oeste Leste (Fiol), as duplicações das BRs 101 e 116. Bacelar minimiza o impacto das supostas divergências na concessão de espaços para o partido. “Desde o início que o governo sabia que ia ter modificação do comando, que isso aconteceria no final do ano”, ressaltou.
Depois das baixas sofridas com as saídas de deputados para outros ninhos partidários, o PR passou o ano de 2014 marcado pelo forte clima de disputa pela direção executiva estadual. Bacelar divergia do comando nas mãos do deputado federal José Rocha, o que aumentou os desgastes e levou à interferência nacional e seguida eleição para o diretório estadual. Nos bastidores, os respingos dessa briga teriam atrapalhado a indicação pelo partido para a Secretaria de Turismo do Estado, conforme evidenciou o próprio governador à época do anúncio dos titulares.
Mas, segundo Bacelar, tais fatos foram superados. “Vamos tentar caminhar unidos e olharmos pra frente”, afirmou. O deputado José Rocha também cobrou uma posição do governo. “Estamos confiantes na palavra do governador de que o PR será contemplado”, afirmou. Ele também descartou que os conflitos tenham prejudicado a sigla na arrumação dos lugares. “Não vejo isso como causa porque o partido independe de divisão”, enfatizou.
Atualmente, além dos dois federais, o PR tem um deputado estadual, o decano da Assembleia, Reinaldo Braga. O seu filho Reinaldo Braga Filho é coordenador das subprefeituras de Salvador, desde o primeiro ano da administração de ACM Neto (DEM), e teria ajudado o pai na conquista dos votos na capital baiana. Há rumores de que tal ligação ainda causa incômodo nas hostes governistas, o que travaria a negociação. Da Tribuna da Bahia.