O melhor uso da trilha da Cachoeira da Fumaça por cima foi cobrado por guias da região da Chapada Diamantina durante encontro entre a Associação dos Condutores de Visitantes de Lençóis (ACVL) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na última terça-feira (10). O ICMBio gesta o Parque Nacional da Chapada e o seu plano de manejo, que está em fase de implantação, foi também um dos principais assuntos do primeiro encontro entre as instituições, na Casa Afrânio Peixoto, em Lençóis. Considerado como um dos principais atrativos do parque de maior visitação do país. No encontro, outros assuntos também foram relacionados, como o limite de carga estabelecida pelo instituto para subir a Fumaça, a parceria em campanhas de conscientização e a conservação da biodiversidade.
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A retomada dessa parceria entre as instituições reuniu os analistas ambientais Pablo Casella e Marcela de Marins, representando o ICMBio/Parna Chapada Diamantina, o secretário do Meio Ambiente de Lençóis, Andrés Iglesias, e o diretor de Turismo, Ramiro Barbosa, além do presidente da ACVL, Nelson Oliveira, e toda a diretoria e associados. De acordo com texto enviado ao Jornal da Chapada, o presidente da ACVL entregou à representação do ICMBio uma pauta de sugestões e reivindicações dos associados. O primeiro item sugerido pela ACVL é “tornar obrigatório a entrada de turistas no parque acompanhados por guia credenciado pelo Ministério do Turismo, respeitando o limite máximo de 10 turistas por guia”. O analista do ICMBio Pablo Casella informou que não é possível atender essa demanda, “uma vez que não se pode restringir o direito de ir e vir em áreas públicas federais”.
Além desse fato, as trilhas do Parque Nacional da Chapada Diamantina foram identificadas como autoguiadas, mas é possível recomendar o acesso ao parque acompanhado por um guia. É possível também publicar em sites e redes sociais uma relação de nomes de guias que o parque recomenda. Ainda sobre a ‘desobrigatoriedade da presença do guia’, todos os presentes se manifestaram contra, já que na maioria das vezes é sempre o visitante sem guia que sofre acidentes e/ou se perde, aumentando o trabalho dos mesmos, que ainda são ‘voluntários socorristas’.
Mais reivindicações dos guias
Sobre o limite máximo de visitantes na trilha (120 por dia), Casella também informou “que este é o número estabelecido no plano de manejo”. Entretanto, o analista diz que o plano não está ‘engessado’ e ainda precisa de experimentações quanto à qualidade da visita com base científica e de observação. Ainda conforme texto enviado ao Jornal da Chapada, as demais sugestões serão debatidas ao longo dos próximos encontros entre as instituições.
30 anos do Parque Nacional
Os analistas Pablo Casella e Marcela de Marins lembraram que o Parque Nacional da Chapada Diamantina completa 30 anos em setembro e terá uma programação distribuída durante o ano de 2015. O parque possui mais de 50 atrativos identificados e cerca de 34 entradas, sendo a trilha da Cachoeira da Fumaça por cima a mais visitada, com 18 mil visitantes por ano, segundo dados da Associação de Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACVVC). Na ocasião, o presidente da ACVL propôs parceria para monitorar a trilha da Cachoeira do Sossego, em Lençóis, a exemplo do que faz a ACVVC, na trilha da Fumaça por cima.
A presidência da Associação dos Condutores de Visitantes de Lençóis sugeriu também que o turista que optar por fazer a trilha sozinho, deve assinar um termo de responsabilidade assumindo seu próprio risco. Segundo o analista Pablo, os responsáveis pelo gerenciamento do Parque Nacional da Chapada Diamantina seguem princípios norteadores das ações para a implantação do plano de manejo, entre eles a conservação da biodiversidade.
O ICMBio ainda tratou do princípio do uso turístico da unidade de conservação, onde a visitação acontece; o segundo princípio é que a visitação é específica e especial e permite que o visitante tenha uma experiência única e saia mais “amigo” da conservação da natureza. Finalmente a força geradora do desenvolvimento local, princípio este que os próprios gestores do parque reconhecem que estão em dívida com as comunidades.