Os três deputados federais ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiram entrar com uma representação na Câmara Federal contra o tucano Nilson Leitão (PSDB-MT) por tentar criminalizar o MST. Valmir Assunção (PT-BA), João Daniel (PT-SE) e Marcon (PT-RS) rebateram os ataques do parlamentar que usou palavras depreciativas contra o movimento. “Não é possível que este deputado desrespeite outros membros desta casa. Que tente nos criminalizar, ferindo os princípios democráticos que regem esta Casa e todo o Brasil”, declara Assunção, durante pronunciamento na Comissão de Agricultura, nesta quarta-feira (11). “Nós do MST seguiremos em frente com as ferramentas que nos estão disponíveis. Tenho orgulho de permanecer nesta organização popular. Se estou deputado federal, foi por que aceitei a tarefa colocada pelo MST na Bahia, compartilhada por todo o MST no Brasil, de trazer para cá a defesa e a construção da pauta popular”, completa.
De acordo com Valmir, o movimento ao longo dos anos lutou por políticas públicas e por justiça social. Ele também afirma que a ocupação, enquanto método de protesto, é a marca do MST. “Mais de 80% das terras que viraram assentamento, antes foram alvo de alguma ocupação ou mobilização popular. O MST não é quadrilha como Leitão disse, e não faço parte de quadrilha, mas sim de um dos mais importantes movimentos sociais do mundo, do qual tenho imenso orgulho. Este deputado calunia não só a organização, mas a três deputados que fazem parte do movimento”. Ainda conforme o parlamentar petista, há 31 anos o MST nascia com a proposta de organizar os camponeses e camponesas sem terra no Brasil. Ele pontua que o movimento surgiu para ampliar a luta pela reforma agrária, diante da grave estrutura fundiária concentrada em poucos proprietários e da quantidade de trabalhadores que não têm acesso a terra.
O deputado federal explica que o MST mantém as reivindicações em torno do conjunto dos direitos humanos, do acesso à cultura, com o debate sobre a democratização da comunicação e o direito à participação popular. “Compreendemos que a reforma agrária, enquanto democratização da terra, deve garantir uma vida digna no campo”. Assunção lembra que foi um dos primeiros negros a integrar a direção nacional do MST, que participou da fundação da executiva na Bahia e que leva o debate racial também para o universo da reforma. “O movimento nunca se furtou em ir às ruas, exercendo o direito democrático à organização e livre manifestação. Vamos questionar diuturnamente a hegemonia ruralista que prega a propriedade da terra enquanto um direito absoluto, quando a Constituição a coloca sob as regras da função social. Vamos contribui mais para o processo à educação do povo camponês, com a luta por escolas no campo e a inclusão em cursos de nível superior”.