A casa colonial de mais de 200 anos na cidade de Rio de Contas, na Chapada Diamantina, que abriga uma agência bancária explodida por criminosos durante uma tentativa de assalto passará por uma vistoria a partir desta segunda-feira (6). A avaliação no imóvel, que é tombado, é para avaliar os danos sofridos e será feira por técnicos da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Como a explosão foi de grandes proporções, o Iphan informou que também estenderá a vistoria às residencias vizinhas, localizadas na Praça da Matriz, à Casa de Câmara e Cadeia e à Igreja do Santíssimo Sacramento, também tombados. O casarão afetado pela explosão se insere no conjunto arquitetônico de Rio de Contas, que é objeto de tombamento pelo Iphan e inscrito no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 08 de março de 1980. A restauração do imóvel, segundo o órgão, deverá ser promovida posteriormente pelo responsável e será acompanhada por fiscais.
Investigação
A explosão da agência bancária ocorreu na madrugada de terça-feira (31). A polícia ainda não tem pistas do paradeiro da quadrilha, de acordo com o delegado Jackson Trindade. “O imóvel foi periciado e nós vamos iniciar o inquérito policial”, comenta. O crime foi cometido por cerca de 12 homens na cidade da Chapada Diamantina. Segundo com o delegado Marco Torres, os criminosos estavam em um veículo modelo Doblô e chegaram atirando para o alto. Enquanto parte do grupo cercava a sede da PM, o delegado detalha que os demais realizaram a explosão dos caixas eletrônicos. A quantia roubada não foi divulgada. Com o término da ação, os criminosos fugiram em direção a uma localidade conhecida como Barragem, onde abandonaram e incendiaram o veículo usado no assalto.
Cidade histórica
De acordo com o Iphan, Rio de Contas é uma das raras “cidades novas” coloniais, criada por Provisão Real, de 1745. A cidade apresenta praças e ruas amplas e igrejas barrocas. O acervo é constituído basicamente por edifícios da segunda metade do século XVIII e início do XIX, de importantes características arquitetônicas, que conservam o mesmo padrão adotado no litoral do estado, sendo os monumentos religiosos e públicos em pedra e o casario em adobe. Terceiro conjunto histórico tombado na Bahia, atrás em importância apenas de Salvador e Cachoeira, Rio de Contas também possui monumentos do século XVII, dentre eles o Teatro São Carlos (um dos três mais antigos do Brasil e o mais antigo do interior baiano) e a antiga Casa de Câmara e Cadeia, que, segundo o Iphan, era a mais temida prisão do sertão baiano.
O local ainda tem o brasão do império na fachada principal e a cela das prisões no pavimento térreo. A cidade também abriga a Igreja Santana, construída por escravos durante a segunda metade do século XIX, a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, com forte influência barroca, a Orquestra Filarmônica Lira dos Artistas, a Casa que pertenceu ao Coronel Carlos Souto, exemplo da arquitetura da época do ouro, e o Mercado Público Municipal. Os visitantes também podem conferir na cidade a casa onde nasceu Abílio Cesar Borges, “O Barão de Macaúbas”, o Clube Rio-contense, local onde eram realizadas festas somente para brancos, e a Casa de Fundição, onde o ouro era derretido e transformado em barras – no local funciona hoje a prefeitura. Extraído na íntegra do Portal G1.