Está descartada a possibilidade que o paciente angolano, internado em Itaberaba, na Chapada Diamantina, tenha contraído Ebola. O teste rápido feito no Hospital Geral de Itaberaba (HGI), nesta sexta-feira (8), deu positivo para dengue e o homem está isolado aguardando os procedimentos para transferência devido ao agravo da doença. De acordo com a enfermeira sanitarista do Núcleo Regional de Saúde (NRS), Quézia Santana, o paciente deu entrada no hospital com febre alta e dor abdominal. “A questão da Ebola é porque a gente tem a preocupação com o vínculo epidemiológico de onde ele veio. Ele é um paciente que tem dupla nacionalidade e que relata que esteve na África, em Benguela, uma província angolana, e que ele transita entre a África e o Brasil. Por conta disso, e como os sintomas de Ebola, assim como outros agravos são muito inespecíficos, febre e dor abdominal, por isso houve essa suspeita da Ebola”.
Conforme a profissional de saúde, a população de Itaberaba deve ficar tranquila que o caso não passou de um alarme falso. “A equipe toda, tanto do HGI quanto do núcleo, inclusive a coordenadora de vigilância do núcleo, que é a enfermeira Maristela veio para cá para dar todo suporte. Por coincidência, o coordenador do núcleo também estava em Itaberaba e ele também veio para o HGI, ele é coordenador do núcleo de Feira de Santana, que é responsável por Itaberaba”, completa Quézia.
O Jornal da Chapada entrou em contato para esclarecer as informações que chegavam à redação, completamente desencontradas. Esse caso foi esclarecido pela sanitarista após a reportagem do jornal entrar em contato com a diretora do hospital, Marisa Mendes, que passou para Quézia, que acompanha o caso, junto com a equipe de profissionais do Núcleo Regional de Saúde. “Os exames foram feitos, e se suspeitou de início de dengue e malária, porque a África é uma região de risco para a malária. O teste rápido para dengue já foi feito e deu positivo para dengue, e o teste para malária ainda aguarda resultado. Ele vai ser transferido para o Hospital Couto Maia, pois ele está com dores abdominais e apresentou algumas alterações nos exames. Ele ainda está no HGI, em isolamento, sendo acompanhado por profissionais específicos, todos paramentados para fazer esse atendimento e ele será transferido”, informa a enfermeira sanitarista.
Ela ainda afirma que a suspeita de Ebola já foi descartada. “A gente não tem um infectologista, mas por tudo que ele tem e pelo fato de todos os sintomas que ele está apresentando serem compatíveis com a dengue, e tem um exame de sangue dizendo que é dengue, e também o tempo que ele foi à África, a gente também está considerando. Porque cada doença tem um período de incubação, de transmissão e manifestação, então no caso da Ebola, esse período de transmissão, incubação e manifestação já está fora deste prazo, fora deste período. Então a gente está descartando a Ebola por todo o levantamento epidemiológico”.
Sobre o ebola e por que a suspeita
Ebola é uma febre grave do tipo hemorrágico transmitida por um vírus do gênero Filovirus, altamente infeccioso, que desenvolve seu ciclo em animais. A doença é classificada como uma zoonose. Os especialistas defendem a hipótese de que a transmissão dos animais infectados para os seres humanos ocorre pelo contato com sangue e fluidos corporais, como sêmen, saliva, lágrimas, suor, urina e fezes. Uma das dificuldades para estabelecer o diagnóstico precoce da doença provocada pelo vírus Ebola é que, no início, os sintomas podem ser confundidos com os de enfermidades como gripe, dengue hemorrágica, febre tifoide e malária.
O levantamento da história do paciente, se esteve exposto a situações de risco e o resultado de testes sorológicos (Elisa IgM, PCR) e o isolamento viral são fundamentais para determinar a causa e o agente da infecção. Diante da possibilidade de uma pessoa ter entrado em contato com o vírus Ebola, ela deve ser mantida em isolamento e os serviços de saúde obrigatoriamente notificados. O período de incubação dura de 2 a 21 dias. Os sinais e sintomas variam de um paciente para outro. Febre, dor de cabeça muito forte, fraqueza muscular, dor de garganta e nas articulações, calafrios são os primeiros sinais da doença que aparecem de forma abrupta depois de cinco a dez dias do início da infecção pelo vírus Ebola.
Jornal da Chapada