Tramita no Legislativo de Salvador um projeto de autoria do vereador Luiz Carlos Suíca (PT), que indica ao governador Rui Costa a alteração dos nomes das Linhas Vermelha e Azul para Milton Santos e Zezéu Ribeiro, respectivamente. “A intenção é fazer com que os baianos e soteropolitanos se sintam representados pelos personagens locais que marcaram a história do nosso estado e do nosso país”, defende o edil. De acordo com Suíca, o projeto condena os atuais nomes atribuídos às vias “por se tratar de referências preconceituosas às duas avenidas da cidade do Rio de Janeiro, onde o crime e desordem urbana refletem uma imagem que não esperamos nem para a capital fluminense e nem para a nossa Salvador”.
Milton Santos era negro, se graduou em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), fez doutorado pela Universidade Strasbourg (França) e tem uma ampla trajetória acadêmica. Santos é considerado a maior referência da geografia no Brasil e um mais dos influentes pensadores no mundo. Já Zezéu Ribeiro foi graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFBA, exerceu o mandato de vereador de Salvador em três legislaturas pelo PT e, em 1998, foi eleito deputado federal pelo mesmo partido. “A escolha de nomes como Milton Santos e Zezéu Ribeiro para batizar logradouros públicos se destaca como um esforço social na busca pela constituição do sentimento de pertencimento e de identidade entre as pessoas da sociedade baiana”, explica Lina de Aras, pós-doutora em História Social e chefe do departamento do curso de História da UFBA.
Em concordância ao projeto do vereador, a pesquisadora destaca que a sugestão dos nomes pode representar um instrumento de justiça social. “Ao lembrar desses nomes para tal ato público, estamos valorizando as nossas conquistas sociais e reforçado o desejo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária, ideais presentes no pensamento desses ilustres baianos”, completa. A pesquisadora frisa que a nomeação dos espaços públicos aponta “uma oportunidade de democratização destes locais e busca de reconhecimento social”. “Lembrando que as mulheres, negros e indígenas estiveram alijados do processo anterior de nossa história”, conclui.