Ex-governador da Bahia e atual ministro da Defesa, Jaques Wagner participou, na tarde de ontem, de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Embora não tenha sido o tema da audiência, Jaques Wagner não hesitou em responder, quando questionado na saída do auditório onde ocorreu o evento, sobre o que achou da substituição do baiano Elmo Vaz pelo piauiense Felipe Mendes, na Codevasf. Nos bastidores da política baiana, a insinuação é de que o ex-governador foi derrotado na tentativa de manter um baiano no cargo.
Wagner, mesmo sabendo que o acordo era que o comando da Companhia fosse para o PP, disse acreditar que outro baiano fosse indicado por entender que a Bahia é o maior Estado do Nordeste e a maior economia, logo, o maior usuário da Codevasf. “Tinha havido uma negociação com o PP. São normais essas negociações quando ele foi para o Ministério da Integração Nacional. Eu imaginei que pudesse ser do PP da Bahia, mas a opção que foi feita foi por uma pessoa do Piauí. Evidentemente que eu não gosto. Mas eu sei que a composição política é essa. Mas isso não quer dizer que a Bahia será esquecida na Codesvasf. Com mudança da direção, quem sabe a gente tenha mais investimentos da Codevasf na Bahia”, comentou.
Durante a audiência, Wagner informou qual será a atuação do ministério nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, e tenta explicar um pouco dos motivos que o país tem para investir em defesa militar, mesmo em tempos de paz. “O Brasil precisa entender por que gastamos com defesa”, disse, destacando a importância das Forças Armadas na realização de obras em áreas isoladas para proteger as reservas naturais do Brasil. “O senso comum é de que não precisamos investir em defesa por não termos o condão imperialista”, disse, mas, continuou, por se tratar de um país com muitos recursos naturais, é necessário ter uma política eficiente de defesa.
Wagner também elogiou as Forças Armadas, a quem atribuiu consciência o suficiente para defender a Constituição. A declaração foi dada após grupos isolados contra o governo terem defendido, durante a audiência, uma intervenção militar constitucional. “Acho que há o sentimento de que o partido político das Forças Armadas é a Constituição brasileira”, disse. Durante a audiência, os manifestantes utilizaram um carro de som para se fazerem ouvir e afirmaram que o artigo 142 da Constituição de 1988 permitia a ação militar.
No entanto, o ex-governador da Bahia frisou que o artigo 142 define que as Forças Armadas deverão ser formadas por Marinha, Exército e Aeronáutica sob a autoridade suprema do Presidente da República. “O papel constitucional é a defesa da Pátria e a garantia dos poderes constitucionais. “Hoje há uma consciência absoluta de que as Forças são a reserva principal da Constituição. Sou seguro quanto a isso”, afirmou Wagner.
O ministro também aproveitou a audiência para informar que nos Jogos Olímpicos de 2016 as Forças Armadas irão empregar 37 mil militares. Os investimentos do Ministério, segundo ele, serão de R$ 200 milhões este ano. Ano que vem mais de R$ 106,8 milhões. Ainda conforme Jaques Wagner, o Brasil já gastou mais de R$ 100 milhões desde a escolha do Rio para sediar a Olimpíada.
Sobre o corte de orçamento organizado pelo governo de Dilma Rousseff (PT) ainda esta semana, estimado entre R$ 70 e R$ 80 bilhões, o ministro disse acreditar que a medida é importante para o Brasil retomar seu crescimento econômico. “Estamos em vias de receber o volume de contingenciamento que será feito pelo governo, o que é essencial para a gente retomar a linha de crescimento. Algum ajuste é preciso ser feito porque não podemos perder aquilo que conseguimos, que são os padrões macroeconômicos”, disse. Segundo ele, a pasta tem o sétimo maior orçamento da administração federal, descontados os gastos com o pessoal. Acrescentou ainda que os cortes têm sido discutidos exaustivamente pela cúpula do governo. Matéria extraída na íntegra da Tribuna da Bahia.