O corpo do menino de dois anos achado em areal do bairro de Itapuã, em Salvador, estava dentro de um cooler, segundo informações da polícia na manhã desta quinta-feira (20). Rafael Pinheiro, de 28 anos, padrinho do garoto, suspeito de ocultar o corpo do menino, foi apresentado na sede da polícia, no bairro da Piedade, na capital baiana. O jovem foi encaminhado para a cadeia pública no final da manhã desta quinta-feira. O corpo do garoto permanece no Instituto Médico Legal (IML) de Salvador. Não há informações sobre enterro.
A apresentação do suspeito foi conduzida pela delegada Heloísa Simões, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e Antônio Carlos Magalhães Santos, delegado titular da 12ª DP de Itapuã. À polícia, Rafael Pinheiro contou que a criança teria passado mal na noite de quinta-feira (13), após ingerir leite de soja. O suspeito relatou que tentou reanimar a criança, mas ela não resistiu. O suspeito, conforme a polícia, conheceu a mãe da criança há um mês. Ele afirma que ficou sensibilizado com a falta de condições financeiras e de estrutura da mãe em criar a criança e se ofereceu para cuidar. “Foi um acidente”, afirmou Rafael.
Segundo a polícia, ele e Fabiana de Carvalho, mãe do garoto, são usuários de drogas, revelou a polícia. Rafael foi preso em flagrante e irá responder por homicídio doloso ou culposo – a depender do resultado do laudo – e por ocultação de cadáver. A mãe da criança também será indiciada por negligência, pois deixou a criança sob responsabilidade de outra pessoa. Já a mãe do suspeito pode responder por ter induzido a polícia ao erro. As investigações continuam, segundo informou o delegado ACM.
Caso
Segundo depoimento de Rafael, ele teria levado o corpo do garoto dentro de um cooler e deixado em um areal no bairro de Itapuã na última sexta-feira (14). À polícia, o padrinho do garoto relatou que foi até a feira do bairro e forjou o sumiço da criança por medo de ser responsabilizado pela morte. Ainda na sexta-feira, ele procurou a delegacia para comunicar o desaparecimento do garoto. “Rafael foi ouvido no sábado (15) no DHPP, dizendo que teria saído de casa com a criança. Chegando na feira, ele diz que trouxe o menino no braço e, logo em seguida, foi para um box que vende verduras. Teria deixado a criança no chão e comprado verduras”, relatou Heloisa Simões. A hipótese da feira foi descartada após diversas pessoas serem ouvidas.
“O primeiro a ser ouvido foi um feirante. Ele disse que Rafael não estava com criança e não tinha comprado nenhuma verdura. O que ele lembrava é de um rapaz com um celular exibindo a foto de uma criança que teria se perdido na feira de Itapuã. Outras pessoas também foram ouvidas no departamento”, conta a delegada. Rafael estava a todo momento acompanhado da mãe.
“A mãe dele foi ouvida e a mesma quis induzir a Polícia Civil ao erro. A mãe dele [suspeito] chegou na unidade dizendo que um lojista teria visto um carro preto. Esse lojista, da região de Itapuã, teria visto um corolla preto com um casal e duas crianças. A mãe de Rafael alegou que Marcus Vinicius tinha sido levado por esse casal”, disse a delegada. Ainda de acordo com ela, todas as versões foram descartadas.
Durante a coletiva realizada na manhã desta quinta-feira, a partir desse depoimento, a suspeita de homicídio foi levantada. Contudo, o próprio Rafael procurou a delegacia na segunda-feira (17), acompanhado de um advogado, e relatou que a criança teria passado mal e, após se desesperar com a morte do garoto, levou o corpo dentro do cooler e o deixou no areal, em Itapuã.
Protesto
Dezenas de pessoas fizeram protesto na manhã desta quinta-feira (20), em frente à sede da Polícia Civil, no bairro da Piedade, em Salvador, durante a chegada do padrinho de Marcos Vinícius dos Santos, de dois anos, achado morto em Itapuã. Rafael Pinheiro, de 28 anos, é suspeito de ocultar o cadáver do menino. Sob gritos de “assassino”, o suspeito foi conduzido por policiais para o prédio da Polícia Civil e, após coletiva, encaminhado ao complexo penitenciário da Mata Escura. Texto extraído na íntegra do Portal G1.