Cerca de 51 profissionais, entre médicos e enfermeiros dos 19 municípios da macrorregião de Jacobina, participaram nesta quinta-feira (22), do Projeto de Capacitação de Ampliação de Abordagem Itinerante para a Prevenção, Detecção e Tratamento precoce do Tracoma e Triquíase, que acontece durante todo o dia no Centro Cultural de Miguel Calmon. O curso, realizado pela primeira vez no âmbito da saúde pública e que contou com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, que acolheu rapidamente a proposta para a concretização desse treinamento, é promovido pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), em conjunto com a Fundação Regina Cunha, que disponibilizou um médico oftalmologista, Laura Yamagata, para explicar toda a parte clínica e como diagnosticar o tracoma.
Além disso, Maria Aparecida Araújo, diretora de Vigilância Epidemiológica, e Izabel Xavier, coordenadora, realizam toda a parte de formação epidemiológica e de como notificar os casos positivos. Para a coordenadora do Núcleo Regional de Saúde (NRS), Kátia Alves de Souza, a realização e a adesão dos profissionais ao curso, mostram a importância desse treinamento para os médicos e enfermeiros da macrorregião de Jacobina. De acordo com o diretor de Projetos Estratégicos da Sesab, Enádio Moraes, o treinamento está sendo muito bom. “Para se ter uma idéia, esperávamos apenas 38 profissionais, porque seriam dois de cada município, mas o interesse foi tão grande que 51 se inscreveram para participar do curso”, informou o diretor.
Na parte da tarde, os participantes vão aprender na prática como se faz o exame de detecção do tracoma, com os participantes do Saúde sem Fronteiras Oftalmologia, que está acontecendo em Miguel Calmon. “Está é mais uma estratégia da Sesab para ampliar esse atendimento no Saúde sem Fronteiras Oftalmologia. Vamos realizar esse curso pioneiro em outras regiões do estado, para atender a essas populações carentes desse tipo de serviço de saúde”, finalizou Enádio Moraes.
Tracoma e Triquíase
Tracoma é uma afecção ocular crônica, recorrente e repetitiva. É considerada a doença de maior disseminação no mundo, estima-se que 41 milhões de pessoas são afetadas. Constitui-se numa importante causa de cegueira, sendo responsável por aproximadamente 1,3 dos casos de cegueira. A faixa etária mais acometida é de crianças de 1 a 10 anos, que apresentam a forma ativa da doença. Nas faixas etárias mais altas a prevalência das formas ativas é baixa, entretanto as formas cicatriciais predominam. O tracoma é geralmente descrito em locais com precárias condições de vida, com inadequadas condições de habitação, grande concentração populacional, precariedade de saneamento básico, baixo nível educacional e cultural. Outros fatores também relacionados à presença de tracoma em uma comunidade são presença de insetos vetores, deslocamentos populacionais e presença de outras doenças oculares.
De acordo com a equipe da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, as ações de controle do tracoma não são priorizadas pelos gestores municipais, e fatores como a alta rotatividade dos profissionais de saúde, a falta de médicos com propriedade para diagnosticar e tratar os casos de tracoma geram a descontinuidade das ações e estratégias. A vigilância epidemiológica do tracoma tem como principal estratégia de ação a busca ativa de casos entre escolares da rede pública e comunicantes (domicílio) para diagnóstico precoce e tratamento imediato dos casos ativos detectados, objetivando interromper a cadeia de transmissão. Além da busca ativa são desenvolvidas ações educativas para divulgação e prevenção.
A triquíase é uma doença que consiste no desvio do crescimento das pestanas para dentro, ou seja, em direção ao globo ocular. Pode ser congênito ou adquirido e a pálpebra normalmente conserva a sua posição normal. A consequência mais comum é a irritação permanente da conjuntiva bulbar e da córnea, podendo resultar em conjuntivite ou ceratite. Um dos sintomas mais evidentes no quadro de triquíase é a sensação de areia nos olhos causada pelo atrito entre os cílios, córnea e conjuntiva.