De 2 a 4 de dezembro, o Campus Seabra do Instituto Federal da Bahia (Ifba), na Chapada Diamantina, será o palco da consciência negra. Durante a III Semana Preta, que traz o tema “Vixe! Encrespou!”, mesas-redondas, oficinas, minicursos e apresentações culturais movimentarão o Instituto, em torno da discussão de temáticas ligadas à comunidade negra, especialmente. Religiosidade, música e dança, estética, artesanato, racismo e protagonismo juvenil estão entre os assuntos do evento.
Gratuita e aberta ao público, a semana acontece anualmente, sendo fruto da construção coletiva de professores, técnicos administrativos e estudantes, além de profissionais convidados. Na edição 2015, estarão presentes o Bando de Teatro Olodum; o autor Luiz Silva, conhecido pelo pseudônimo Cuti, destaque na literatura contemporânea; grupos artísticos e culturais da região, como o Grãos de Luz e Griô, de Lençóis, e o Reisado do Agreste. A programação completa será divulgada em breve.
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“Transformar olhares, proporcionar outras experiências que permitam a reconstrução da visão de si e do outro, este é lugar da Semana Preta, desde o seu nascedouro. O evento reclama a necessidade do contraponto, no seio da escola, da versão única para quem somos, para nossa história enquanto nação. O silêncio acerca da contribuição negra e indígena na formação de nossa nacionalidade, apesar de rompido com as leis 10.639 e 11.645, persiste no cotidiano das salas de aula, ainda orientadas pelo parâmetro civilizatório europeu”, comenta a docente Ana Carla Portela, integrante da comissão organizadora do evento, ao lado dos professores Maria de Lourdes Militão e Azamor Guedes.
“Encrespar nossas ações, erguendo nossas bandeiras como a árvore que enfeita a cabeça das mulheres negras, é a alternativa para assegurar que a lei tenha vida, para garantir que ela não adormeça no papel. A “III Semana Preta – Vixe! Encrespou!” é este lugar de circularidade das experiências crespas, que se nutrem da simbologia do Novembro Negro para fortalecer um cotidiano de lutas”, completa Portela.
Para ela, a obrigação legal de inserir no currículo oficial da rede de ensino a história e cultura afro-brasileiras ainda não eliminou o racismo institucional. “Às vezes ele está vestido apenas da folclorização, negando aos negros sua condição enquanto sujeitos históricos. Precisamos denunciar o projeto racista de nação, que persiste em exterminar física e simbolicamente a ancestralidade afro-brasileira. Enfrentar o ‘epistemicídio’, dando voz à matriz negra, urge como forma de desvelar um presente, um passado, violento e violentador”, pontua. As informações são da Gerência de Comunicação Social (GeCom).