Na noite em que o Carnaval do Pelourinho foi oficialmente aberto, doze bambas receberam um troféu em homenagem às suas contribuições ao samba, marcando a celebração pelos 100 anos desde que o primeiro samba, “Por telefone”, foi gravado por Donga, passando a ser reconhecido como novo gênero musical. A homenagem aconteceu no Largo do Pelourinho, durante o show “Trajetória do Samba”, que levou ao palco Paulinho da Viola, Roberto Mendes e Samba Chula João do Boi, atraindo cerca de 10 mil pessoas de todas as idades.
O Samba Chula João do Boi abriu a noite fazendo o público vibrar com seus passos firmes e sincopados. “Onde eu vou nunca piso na bola! As músicas acontecem na hora em que a gente está chulando”, disse o cantador João do Boi, que, ao lado de seis mulheres e oito homens, chulou no palco, fazendo o público lembrar que o samba nasceu no Recôncavo Baiano. O cantor e compositor santoamarense Roberto Mendes destacou a importância da festa de Salvador estar mais próxima das raízes culturais da Bahia. “Precisamos saber a história do samba, lembrar que ele tem mais de cem anos e que suas raízes são do Recôncavo”.
O momento da homenagem foi anunciado pela diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), Arany Santana, e pelo secretário de Cultura do Estado, Jorge Portugal, que dedicaram a celebração “aos homens e mulheres que não deixaram o samba morrer”. Paulinho da Viola, Riachão, João do Boi, Roberto Mendes, Cacau do Pandeiro, Raimundo Sodré, Gal do Beco, Claudete Macedo, Firmino de Itapoan, Edil Pacheco foram os homenageados no palco com o recebimento de troféu inspirado nas tias baianas que levaram o samba do Recôncavo para o Rio de Janeiro, e assinado pelo artista visual Alessandro Teixeira. Nelson Rufino e Walmir Lima também receberam a homenagem, mas não puderam estar presentes.
A atração mais esperada da noite, o sambista Paulinho da Viola, comemorou o troféu recebido e a realização do show num ano importante para a história do samba. “Foi com muita honra e alegria que recebi o convite para tocar pela primeira vez nessa festa grandiosa que é o Carnaval de Salvador. Fico ainda mais feliz de poder cantar ao lado dessas pessoas que, de uma forma tão verdadeira, representam a história do samba”, afirmou o sambista, que cantou músicas como Dança da Solidão, Coração Leviano eTimoneiro, em coro com o público presente.