Criado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, chama atenção da sociedade para as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Com as políticas de controle de tabagismo, o número de brasileiros fumantes caiu 30% nos últimos nove anos, segundo dados do Ministério da Saúde, apesar disso um em cada 10 pessoas ainda tem o hábito de fumar. Apesar da Lei Antifumo adotada pelo Brasil para reduzir o consumo de tabaco, com a proibição de cigarro, cigarrilhas, charutos, cachimbos e outros produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco, em ambientes de uso coletivo, e das restrições à publicidade do cigarro, um em cada 10 brasileiros ainda tem o hábito de fumar. Considerado pela OMS a principal causa de morte evitável em todo o mundo, o tabagismo causa cerca de 6 milhões de mortes a cada ano.
Segundo dados do INCA, o consumo de derivados do tabaco está associado a 90% dos casos de câncer de pulmão diagnosticados. Além de ser o principal responsável pelos casos de câncer de pulmão, considerado um dos tumores mais letais, o cigarro é fator de risco para mais de 50 doenças, inclusive outros tipos de câncer, como o de boca, traqueia, faringe, laringe, esôfago, dentre outros. “O cigarro, inclusive para o fumante passivo, é fator de risco para vários tipos de cânceres e outras doenças graves cardiovasculares e respiratórias, parar de fumar traz um ganho imensurável à saúde,” esclarece a oncologista Clarissa Mathias, do NOB (Núcleo de Oncologia da Bahia) / Grupo Oncoclínicas.
Imunoterapia: avanço no tratamento do câncer de pulmão aprovado no Brasil
No mês passado (abril), o primeiro imuno-oncológico para tratar câncer de pulmão foi aprovado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A droga nivolumabe, já usada nos EUA e na Europa, traz novas perspectivas para o tratamento de pacientes com o câncer de pulmão localmente avançado ou metastático e aumenta sua sobrevida. A droga também é indicada para o câncer de pele melanoma.
A imunoterapia é uma das tendências mundiais da oncologia. “É uma abordagem terapêutica com drogas que estimulam o sistema imunológico para que ele reaja contra o tumor, atacando as células cancerígenas”, explica a médica Clarissa Mathias. Além da imonuterapia, que representa um avanço no tratamento da doença, as cirurgias minimamente invasivas, as novas terapias com drogas-alvo mais eficazes e menos tóxicas, a individualização do tratamento e a abordagem multidisciplinar da doença têm favorecido o tratamento e o retorno cada vez mais rápido dos pacientes às suas atividades normais, desmitificando a ideia de que o câncer de pulmão é uma sentença de morte e garantindo mais qualidade de vida aos pacientes.
Benefícios de parar de fumar
Fumantes chegam a ter 20 vezes mais chances de ter câncer de pulmão que não fumantes, 10 vezes mais chances de ter câncer de laringe e de duas a cinco vezes mais chances de desenvolver câncer de esôfago, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo informações do Instituto, após os primeiros 20 minutos sem fumar, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; após 8 horas o nível de oxigênio no sangue se normaliza e após dois dias já é possível perceber melhor o cheiro e o gosto dos alimentos. Após 10 anos o risco de desenvolver câncer de pulmão cai à metade e após 20 anos esse risco será quase igual ao de quem nunca fumou.
“O ex-fumante ganha mais energia, fôlego e disposição para suas tarefas diárias”, afirma a médica. Além disso, há as vantagens a médio e longo prazo como o aumento da capacidade pulmonar e da energia, a melhora do aspecto da pele, além do ganho da autoestima e da redução do risco de desenvolvimento da doenças cardiovasculares, respiratórias e cânceres.
A decisão de abandonar o vício do tabagismo é fundamental após o diagnóstico de um câncer, sobretudo o de pulmão, mas a força de vontade nem sempre é suficiente. Muitas vezes o paciente precisa contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar, normalmente formada por médicos, nutricionistas e psicólogos. O cigarro é responsável por, pelo menos, 22% de todas as mortes por câncer no Brasil. O INCA estima cerca de 28.190 mil novos casos de câncer de pulmão em 2016 no Brasil.