Cobrado para que se envolvesse na articulação política do afilhado político Rui Costa (PT) desde que o governo começou a sofrer críticas por parte dos aliados, o ex-ministro Jaques Wagner (PT) parece ter finalmente atendido aos apelos. Ainda de maneira discreta, Wagner passou a conversar com lideranças que apoiam o governo e a concordar com seus argumentos de que ou Rui Costa muda a articulação política ou poderá prejudicar seu projeto de reeleição, em 2018, principalmente depois da vitória retumbante do prefeito ACM Neto (DEM) em Salvador e de seu grupo político em vários municípios importantes da Bahia.
O site Política Livre apurou que Wagner é quem está por trás das sugestões ao governador para que substitua o secretário Josias Gomes (Relações Institucionais), encarregado de fazer a articulação política do governo, pelo atual chefe de Gabinete, Cícero Monteiro, ou pelo senador Otto Alencar (PSD). Monteiro é um velho amigo da família Wagner e foi uma de suas heranças para Rui. A indicação de Otto, por sua vez, visaria a comprometer ainda mais o senador com o governo baiano como contraponto à pressão que tem sofrido do PSD nacional para marchar com o governo Michel Temer (PMDB) e romper com o PT.
Nos últimos meses, com o declínio da articulação política do governo e a demora de Rui Costa em corrigir seu rumo, Otto passou a ser visto em alguns meios governistas como uma alternativa no próprio grupo para enfrentar ACM Neto em 2018, no caso de o governador se inviabilizar pela insistência em manter o quadro como está, hipótese que a escolha do senador para o lugar de Josias Gomes ajudaria a implodir de vez. Conhecido pela disciplina política e a discrição, Otto é outro que reservadamente compactua com a ideia da “indigência” da articulação política da gestão petista na Bahia e defende mudanças.
O fato de Wagner ter passado a se mexer nos últimos dias revelaria, no entanto, mais do que altruísmo de sua parte em relação ao governo. Profundamente assustado com a perda de cidades importantes para as oposições nas eleições municipais, o ex-governador sabe que, se Rui Costa fracassar, colocará a pique também seu projeto de se eleger senador em 2018, cargo que, num determinado momento, passou a ser cobiçado por Josias Gomes. Nas conversas com aliados do governo, o ex-ministro tem deixado claro, no entanto, que não aceitaria de maneira alguma ele próprio assumir o lugar do atual secretário de Relações Institucionais.
É dada como certa a ida do ex-governador para a Fundação Luis Eduardo Magalhães. Wagner também tem ressalvado a competência administrativa de Rui Costa como principal fator de coesão do grupo governista, a despeito da “inexistência de articulação política”. É fato reconhecido por todos os aliados do governo e até por adversários que, se não fosse pelo empenho e determinação do governador, as finanças do Estado já poderiam ter implodido num caos, neste cenário de recessão, o que já seria um estímulo para a debandada de aliados na direção de um projeto alternativo como o de ACM Neto ou de outro nome do grupo governista, a exemplo do próprio Otto. Texto extraído na íntegra do site Política Livre.