Os professores italianos, Stefano Marco Ferrucci e Maria Chiara Piva, casados há 12 anos, sempre desejaram ter filhos, porém um problema de saúde não permitiu o desenvolvimento de uma gestação normal e a burocracia do sistema de adoção de seu país, impediu que a adoção se concretizasse. Após meses de espera e ansiedade, o casal teve a oportunidade de encontrar, pela primeira vez, no dia 16 de agosto, com dois irmãos (que aqui chamaremos de João e Gabriela), respectivamente de 4 e 12 anos de idade, que vivem em uma casa de acolhimento no interior do estado da Bahia.
“Como foi um encontro entre seres humanos, era impossível prever como seria. A minha preocupação era transmitir segurança e tranquilidade para eles”, contou Stefano. Já a esposa, estava preocupada com a reação das crianças. Mas logo os receios ficaram para trás. João e Gabriela estavam de coração aberto para receber os novos pais. Como a maioria dos candidatos à adoção, eles queriam uma criança com até 8 anos de idade, porém ao receberem a ficha de Gabriela, o casal não pensou duas vezes, pediu ao IL Tribunale Per I Minorenni Di Roma que estendesse a idade, anteriormente solicitada, para que pudesse dar entrada no processo de adoção.
“Desde o início pensamos em adotar irmãos, porque para uma criança chegar sozinha em um país distante, com outra cultura, é mais difícil. Mas se tiver um irmão com quem ele pode ter uma semelhança do lugar de onde veio, um vínculo, até mesmo fisicamente, não vai sentir tanto as diferenças”, explicou a candidata a mãe. A Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai-BA), enviou ao casal a ficha dos irmãos, intencionalmente. Isso porque Gabriela já tem 12 anos e, pela experiência do órgão, é mais difícil encontrar um lar adotivo.
A escolha do Brasil como lar de origem dos novos filhos foi proposital. “Observamos uma segurança no processo brasileiro, existe uma transparência”, disse Stefano, sobre o que foi o fator decisivo na escolha do país. Na Itália, diz ele, o processo é mais devagar, já que lá os Serviços Sociais Territoriais separam apenas um dia na semana, quinta-feira à tarde, para tratarem de adoção.
Atualmente existem 44 pessoas habilitadas para adoção internacional. Por conta dessas estatísticas, a Corregedoria Geral da Justiça, em parceria com a Corregedoria das Comarcas do Interior e da Coordenação da Infância e Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça da Bahia estão promovendo a campanha Não se esqueça de mim, que visa reduzir o tempo de tramitação dos processos e incentivar à adoção tardia.
Uma das ações promovidas é o workshop “Infância e juventude: adoção nacional e internacional, apadrinhamento e acolhimento familiar”, que acontece no próximo dia 25 de agosto, no auditório do TJBA, no Centro Administrativo da Bahia. O evento é destinado a juízes da capital e do interior, membros do Ministério Público e da Defensoria e aos demais profissionais que lidam com o tema. Uma das presenças confirmadas é a do procurador Sávio Renato Bittencourt, titular da 4ª Procuradoria da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, autor de vários livros sobre as políticas voltadas para crianças e adolescentes no Brasil e uma das referências sobre o estudo do tema no Brasil.
Além dele, estão confirmadas as palestras do juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, titular da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, da Comarca do Rio de Janeiro; do desembargador Salomão Resedá, coordenador da Infância e Juventude do TJBA; do juiz Walter Ribeiro Júnior, titular da 1ª Vara da Infância e Juventude de Salvador; da juíza assessora da Corregedoria Geral da Justiça e presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai-BA), Andréa Paula Miranda; da assistente social da Vara de Vitória da Conquista, Aline Bitencourt; e da psicóloga Fabrícia Amorim, do serviço Família Acolhedora, de Caculé. As informações são do TJ-BA.