O fechamento das duas entradas que dá acesso ao povoado da Gruta da Mangabeira, no município de Ituaçu, na Chapada Diamantina, para cobrança de taxa aos frequentadores neste feriado de 7 de Setembro, revoltou moradores e turistas que tentaram acessar o ponto turístico. Em contato com o Jornal da Chapada, um grupo de moradores atribuiu a cobrança à prefeitura e criticou a medida – que foi realizada de súbito, sem o conhecimento da população e sem publicidade do órgão público.
“O prefeito Adalberto Luz [PTB] resolveu, de uma hora para outra, ganhar dinheiro em cima da fé das pessoas. Aproveitou o período de romaria e passou a cobrar para entrar no povoado com a desculpa de estar cobrando estacionamento. O povo está revoltado com isso, até familiares dos moradores foram cobrados. Cobravam R$30 para ônibus, R$10 para carros de passeio, R$2 por motos e R$20 para caminhões 3/4. Não me deixaram tirar fotos do talão de controle, mas paguei para poder garantir essa denúncia”, ressalta um dos moradores que preferiu não se identificar.
Ainda de acordo com informações dos moradores, o local ficou vazio com a medida da prefeitura e as pessoas que vivem de artesanato tiveram prejuízos. “É uma comunidade pequena, vive da romaria e essa ação está acabando com a festa. O turista, seja ecológico ou religioso, não pode entrar na localidade sem pagar. Cadê o direito de ir e vir? Isso é um absurdo”, completa o morador.
Vídeo sobre o assunto
O Jornal da Chapada procurou a prefeitura de Ituaçu, mas até o fechamento deste texto, não obteve sucesso. A reportagem também procurou o presidente da Associação da Gruta da Mangabeira, Elenilto Silva Meira, que confirmou a cobrança e se pronunciou contrário à medida.
“Estou revoltado com essa decisão do prefeito. Ele colocou uma corda na entrada do povoado. Tem uma placa de estacionamento, mas não tem estacionamento algum, pois é lá dentro do povoado. Moradores fizeram vídeos e denunciaram o caso. Estou no balneário agora, era para ter muita gente aqui e não tem ninguém, a cobrança inibiu as pessoas e os comerciantes fecharam as portas mais cedo. Queríamos que alguém fizesse algo pela gruta e não a destruísse”, dispara o presidente.
Consultado pelo Jornal da Chapada, o advogado Anderson Gama salientou que a cobrança é abusiva e ilegal. “Nesse caso é necessário ajuizar um mandado de segurança para restabelecer o livre acesso ao povoado da gruta. Esse ato do prefeito é ilegal e fere a própria Constituição Federal. Um grupo de moradores ou associados podem entrar com um mandado de segurança contra essa arbitrariedade”, finaliza.
Jornal da Chapada