Cerca de mil trabalhadores e trabalhadoras sem-terra ocuparam, na manhã desta terça-feira (17), a Secretaria de Educação da Bahia (SEC). De acordo com informações, o objetivo é reafirmar a educação do campo enquanto direito e denunciar o descaso que a pauta das escolas dos assentamentos do MST vem sendo conduzida pelo Governo do Estado. Os trabalhadores estavam acampados no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e saíram em marcha pelas avenidas do Centro Administrativo da Bahia (CAB) para repudiar o amplo processo de fechamento das escolas do campo, que culminou na ocupação do órgão público.
Para Domingas Farias, dirigente estadual do MST, a ocupação é mais um instrumento de reivindicação, tendo em vista que é um dos pontos da pauta estadual do movimento que há anos encontra-se travado. A dirigente destaca também “que a SEC só será desocupada se houver respostas positivas na rodada de negociação”. Nesse sentido, Djacira Araújo, do coletivo estadual de educação do MST, afirma que o processo de conquistas de direitos em torno da escolarização no campo é um ponto travado no Governo Federal e no Estado da Bahia.
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“Exigimos de maneira imediata a construção de escolas, o pagamento de salários atrasados dos professores e a implementação do ensino médio em nossos assentamentos, porém não houve avanços, pelo contrário, escolas do campo foram fechadas”, explica. “Estamos aqui para retomar nossas pautas e resistir as investidas antipopulares que negligenciam direitos fundamentais, como o de estudar”, enfatiza Araújo.
Publicamente, o governador Rui Costa (PT) afirmou aos trabalhadores que construiria 10 escolas nos assentamentos de reforma agrária,- quatro em 2015 e seis em 2016-, porém, nenhuma escola foi construída. Em abril do ano passado, uma sala de aula foi montada em frente a secretaria para denunciar o descaso e a morosidade que o órgão público tem agido para atender as pautas de reivindicações entregues a mais de um ano.
Obede Guimarães, também do coletivo de educação estadual, diz que a ocupação no órgão público é para efetivar as políticas de educação no estado. “Hoje estamos vendo um retrocesso. As construções de escolas estão paralisadas, o transporte escolar está irregular, a merenda dificilmente chega. São várias situações que não tem cabimento. O Governo da Bahia não pode seguir o mesmo rumo do Governo Federal de cortes dos direitos sociais”, explica Guimarães. Neste momento, uma comissão encontra-se reunida com representantes da Secretaria para discutir a pauta de reivindicação. Com informações do MST.