O ‘Mulher com a Palavra’ encerra o ciclo de encontros em 2017, recebendo a atriz e diretora Camila Pitanga, no dia 23 de novembro, próxima quinta-feira, às 20h, no Palco Principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. Com o tema “Negra, Sim!”, o evento vai discutir em plena semana da Consciência Negra sobre a diversidade da negritude no Brasil, trazendo um olhar direcionado para as questões de gênero. O bate-papo será conduzido pela jornalista e apresentadora Vania Dias, que trará também seu olhar de feminista negra e ativista.
No formato de uma entrevista aberta ao público, o Mulher com a Palavra promoverá uma conversa sobre a trajetória da atriz, com mais de 20 anos de carreira na TV, Cinema e nos palcos. Na oportunidade, será possível refletir sobre temas como identidade racial e sua multiplicidade, os enfrentamentos das mulheres negras no Brasil e diversidade.
O projeto encerra o segundo ano de atividades com realização da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia em parceria com a Maré Produções Culturais, patrocínio da Bahiagás e Instituto Avon. Já participaram do projeto nomes como Taís Araújo, Marina Lima, Zélia Duncan, Márcia Tiburi, Elza Soares, Preta Gil, Elisa Lucinda e MC Carol.
Camila Pitanga
Graduada em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), com habilitação em Teoria Teatral, Camila Pitanga teve seu primeiro contato com a arte da interpretação no Teatro Tablado, o cultuado celeiro de formação de atores fundado por Maria Clara Machado no início dos anos 1950. Em 1993 estreava na televisão, veículo que a projetaria nacionalmente na minissérie Sex Appeal, de Antônio Calmon, e, logo depois, em Fera Ferida, telenovela de Aguinaldo Silva inspirada no universo ficcional de Lima Barreto.
A notoriedade, praticamente instantânea, nunca lhe subiu à cabeça. Filha do ator Antônio Pitanga e da atriz e modelo Vera Manhães, herdou do pai não apenas o sobrenome artístico, mas o gosto pela política e uma aguda consciência do papel social do artista. Inquieta, buscou na formação acadêmica e nas lendárias aulas de Filosofia de Claudio Ulpiano, que frequentou por três anos, um norte e o esteio para se firmar na vida e na carreira.
Na televisão, depois de atuar em novelas de Silvio de Abreu (A Próxima Vítima, 1995) e Glória Perez (Pecado Original, 1996), participou de projetos inovadores, como a minissérie Invenção do Brasil (2000), de Guel Arraes e Jorge Furtado, transformada em filme no ano seguinte, e o humorístico Garotas do Programa (2001), assinado pelo quinteto de autoras do grupo Grelo Falante.
O gosto pelo risco fez com que transformasse o que parecia um grande desafio no seu maior sucesso na telinha, brindando o país com uma interpretação arrebatadora de Bebel, a irresistível vilã de Paraíso Tropical (2006), de Gilberto Braga, com quem voltaria a colaborar recentemente em Insensato Coração (2011). A última novela de Camila Pitanga foi “Velho Chico” (2016), de Benedito Ruy Barbosa, considerada pela crítica como uma das melhores novelas da década, indicada ao Emmy Internacional em 2017.
O interesse crescente pelo cinema a levou a imprimir a marca de seu talento em filmes como Bendito Fruto, de Sérgio Goldenberg, e Redentor, de Claudio Torres, ambos de 2004; Mulheres do Brasil, de Malu de Martino (2006), e Saneamento Básico, de Jorge Furtado (2007). Rodado em 2011, Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca, seu maior desafio como atriz na tela grande, entra em circuito no primeiro semestre de 2012 com quatro prêmios acumulados, dois dos quais contemplando seu desempenho no papel da instável e cindida Lavínia: os troféus de Melhor Atriz, pelo Festival do Rio (2011), e pelo Amazonas Film Festival (2011).
Vania Dias
Mulher, feminista, negra, jornalista e mãe de José Henrique. Atualmente, Vania Dias integra a equipe da TV Pública da Bahia como apresentadora e repórter do programa Soterópolis, revista de arte e cultura da TVE-BA. Além de somar ao time de comunicadoras negras que representa a diversidade estética no telejornalismo baiano, Vania também investe na dissertação do Mestrado Multidisciplinar em Cultura e Sociedade, na Universidade Federal da Bahia. Em sua pesquisa, dedica-se ao tema das empregadas domésticas brasileiras, a partir dos testemunhos de uma doméstica e de uma patroa que – depois de mais de quarenta anos de convivência – avaliam o saldo dessa relação.
No estudo, esses relatos reais são articulados, criticamente, com as imagens construídas pelo cinema brasileiro contemporâneo no filme Que Horas Ela Volta?, da cineasta Anna Muylaert. Ativista pelo direito das mulheres, Vania tem se colocado na cena jornalística como uma mediadora de agendas e pautas – culturais e políticas – que gerem o fortalecimento de debates contemporâneos urgentes em torno de gêneros.
Serviço
Mulher com a Palavra convida Camila Pitanga
Tema: Negra, sim!
Data: dia 23 de novembro, às 20h
Local: Palco Principal do Teatro Castro Alves
Ingressos: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia entrada) – à venda na bilheteria do Teatro Castro Alves, nos balcões do SAC e pelo site: http://www.ingressorapido.com.br