A Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb) foi procurada pelo Jornal da Chapada (JC) para falar sobre a atuação da empresa IPQ Engenharia na Barragem da Cabeceira do Rio Utinga, localizada na cidade homônima, na Chapada Diamantina. A empresa ganhou o processo licitatório do governo estadual e, segundo ambientalistas locais, ao invés de realizar a desobstrução da barragem, tem cometido crimes ambientais que podem matar o manancial.
Em sua resposta ao JC, o diretor de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gilvan dos Santos Lima, confirmou a crise hídrica na região, “onde vários conflitos foram evidenciados, principalmente entre os usos prioritários e aqueles secundários, como, por exemplo, o cultivo irrigado de banana, o que levou a instalação de uma crise hídrica regional, envolvendo os municípios de Utinga, Wagner, Lajedinho, Andaraí e Lençóis, pois alguns destes municípios tiveram o abastecimento humano das sedes e diversas localidades comprometidas por tais usos e, ainda, a ausência de chuvas na região que intensificaram ainda mais a problemática”.
Segundo a Cerb, antes do serviço ser iniciado, a comunidade e o poder público local estiveram sempre presentes, “inclusive, as propostas contempladas saíram da pauta de reivindicações da região, principalmente em relação à limpeza da barragem”, diz a nota.
“Conforme citado anteriormente, a demanda partiu do poder público e líderes de movimentos sociais. Com isso, anteriormente à conclusão do processo de contratação dos serviços, uma equipe técnica da Cerb visitou a localidade juntamente com membros das entidades citadas para um alinhamento das ações que seriam objeto de execução, bem como, a realização de visita com os mesmos representantes, no final do mês de novembro de 2017, para informar que seriam iniciados os trabalhos, e que a comunidade ali representada deveria indicar e acompanhar os trabalhos, considerando que a mesma possuía grande conhecimento das questões sociais, históricas e ambientais que envolvem a Barragem da Cabeceira do Rio Utinga e suas nascentes. Inclusive, é pertinente ressaltar, que os serviços somente foram executados com um equipamento de porte menor devido a possíveis danos ambientais no entorno do reservatório”, afirma o diretor da empresa pública.
A informação passada é que o controle e fiscalização das suas ações estão sendo cumpridos. Segundo a Cerb a remoção das vegetações conhecidas como taboas “somente pode ser realizada de forma mecanizada. Para que este maquinário possa acessar as margens da barragem, se faz necessário criar alguns caminhos de serviço, ocasionando a supressão de parte da vegetação no entorno. Nesse caso, deverá ser realizado o plantio de vegetação nativa e isolamento da área. Em relação às nascentes, as máquinas ao acessar a área deverão evitar trechos onde estão identificadas estas fontes nascentes”. A comunidade foi chamada para participar da identificação das fontes, por conta de seu conhecimento sobre as localizações dos minadouros.
Após a reportagem ‘Ativistas da Chapada denunciam crimes ambientais em obras da Barragem do rio Utinga’, representantes do Estado da Bahia, através da Cerb, poder público local, através da Secretaria de Agricultura, a comunidade da Cabeceira do Rio Utinga, além da representação da CoopeRio, estiveram reunidos, na última quarta-feira (9). A nota oficial do órgão afirma que o encontro foi “a fim de alinhar as ações previstas para a manutenção da barragem, bem como definir uma metodologia que será empregada para tal ação. Foi formatado um documento balizador destas ações, visando o andamento dos serviços a contento da comunidade local, e aquelas usuárias das águas da bacia do Rio Utinga”. Confira a íntegra da nota técnica da Cerb clicando aqui.
Jornal da Chapada