Políticos de diferentes partidos e lideranças de movimentos sociais usaram as redes para lamentar o assassinato do líder do MST Márcio Matos, o popular Marcinho. Com abertura política em diversas agremiações, ele conseguiu em 33 anos de vida ter o respeito de amigos, familiares e de nomes expressivos como o governador Rui Costa (PT), o ex-governador e atual secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner (PT), o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), a presidente do PT nacional, senadora Gleisi Hoffmann (RS), além de lideranças de movimentos sociais de luta pela terra, por direitos individuais e por melhoria da qualidade de vida do povo pobre. Tanto que esses políticos expressaram suas tristezas e pesares pelo assassinato brutal de Márcio Matos em sua residência no Assentamento Boa Sorte, em Iramaia, na região da Chapada Diamantina, na última quarta-feira (24).
Os deputados estaduais Marcelo Nilo (PSL), Luiza Maia (PT), Rosemberg Pinto (PT), Alex Lima (Podemos), os vereadores de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT), Marta Rodrigues (PT), Zé Trindade (PT), e o edil de Boa Vista do Tupim, Neto do MST (PT), também pediram investigação rigorosa para solucionar o crime o mais rápido possível. Eles seguiram a mesma linha do governador Rui Costa, que determinou a apuração imediata dos fatos nesta quinta-feira (25). Os prefeitos de Itaberaba, Ituberá e Itaetê foram alguns gestores que destacaram a atuação de Matos. Em Itaetê, inclusive, ele atuava como secretário de Administração. A polícia já investiga o caso e descartou a hipótese de latrocínio, porque nada foi levado da casa de Marcinho. Uma equipe da coordenadoria da Polícia Civil de Jequié acompanha as investigações orientadas pelo delegado responsável Fabiano Santos Aurich – chefe da 9ª Coordenadoria Regional do Interior (9ª Coorpin) em Jequié.
Vídeo de matéria do Jornal Hoje – Rede Globo
“Já fizemos oitivas com as primeiras pessoas que chegaram ao local do crime. Estamos aqui em Iramaia dando sequência às investigações”, informou o titular Aurich ao Blog do Anderson, na manhã desta quinta. Ainda de acordo com o delegado, em entrevista a Folha de S. Paulo, “todas as possibilidades estão em aberto”. A polícia fez a perícia no local do crime e está ouvindo testemunhas em busca das causas e dos responsáveis pelo assassinato. O telejornal da Globo, Jornal Hoje, divulgou nota do caso como pode ser conferido no vídeo nesta postagem, onde a polícia investiga para saber se o crime foi a mando. Em nota, a superintendência regional do Incra na Bahia informou que já comunicou a Ouvidoria Agrária Regional que oficiou a Ouvidoria Agrária Nacional e a Coordenação do Grupo Especial de Mediação de Acompanhamento de Conflitos Agrários e Urbanos (Gemacau), setor que integra a Secretaria de Segurança Pública (SSP), solicitando informações sobre o crime, e relatando o ocorrido.
De São Paulo, a direção nacional do Partido dos Trabalhadores emitiu nota assinada pela presidente Gleisi Hoffmann e pelo secretário de Movimentos Populares, Ivan Alex, onde afirma ter recebido com profunda tristeza e indignação a notícia do brutal assassinato de Marcinho na frente do seu filho de cinco anos de idade. “As motivações desta violenta ação contra o companheiro Márcio ainda são desconhecidas, mas o PT espera que haja uma rápida apuração deste crime e que os responsáveis sejam punidos”, aponta trecho da nota. “A direção nacional e a militância do PT manifestam a sua solidariedade e apoio à família de Márcio Matos e aos amigos e companheiros de luta do MST”, completa.
Em suas redes sociais, o deputado federal Valmir Assunção também lamentou a morte do amigo. Marcinho atuou em diversas frentes com Valmir. O parlamentar fez um histórico de luta do líder do MST, lembrou que ele era natural de Vitória da Conquista (sudoeste da Bahia), foi dirigente nacional do movimento e que se destacou como um dos principais líderes Sem Terra na Bahia ainda bastante jovem. Assunção lembrou ainda que o dia (24 de janeiro) será sempre lembrado como uma data triste. Ele se refere ao julgamento em segunda instância que manteve a condenação do ex-presidente Lula em Porto Alegre, se solidariza com a família de Marcinho e pede investigação. “Neste dia triste para a democracia brasileira, perder Marcinho é desolador. Perdemos, sem dúvidas, um lutador do povo. E eu perdi um grande amigo. Solidarizo-me com sua mãe Nilvandia, seu filho Jadiel e toda a família. Não medirei esforços para que esse crime não fique impune”.
Já o ex-ministro e ex-governador Jaques Wagner usou as redes para dizer que Marcinho era uma jovem liderança, e que sempre atuou em defesa dos menos assistidos e que fará muita falta. “Sua morte provoca gigantesca tristeza. Mas também nos fortalece para prosseguir com mais força na luta pela justiça social. Marcinho será sempre uma inspiração. Aos familiares e amigos, deixo um abraço carinhoso e saudoso, desejando que tenham forças para superar este momento difícil”. A direção estadual do MST também emitiu nota, talvez a mais forte de todas as publicações. O movimento disse que foi “com pesar e revolta que recebemos a triste notícia”. O MST aponta que “muitas das conquistas que tivemos nos últimos anos, Márcio esteve como um dos idealizadores, colocando em prática princípios como a solidariedade e o companheirismo, sem deixar passar despercebido valores forjados no bojo das lutas, como a sensibilidade política, a compreensão, o diálogo e uma incansável capacidade de se indignar com as injustiças”.
Fotos de Marcinho
Para o MST, a morte de Marcinho se soma a um triste cenário nacional de violência contra os trabalhadores e trabalhadoras do campo. O ano de 2017 foi considerado o ano mais sangrento no campo, conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT). “O contexto vivido pelos povos da terra, das águas e das florestas exigiu teimosia, resistência e questionamento sobre o papel do Estado”, explica a entidade. De acordo com os dados 65 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo. “O cruel assassinato de Marcinho nos lembra que há cinco anos perdemos o companheiro Fábio Santos, que também era dirigente desta organização. Fábio foi assassinado com 15 tiros na frente de sua companheira e filhos, no percurso que realizava entre a sede do município de Iguaí ao distrito de Palmeirinha, ambos no Sudoeste da Bahia. Até então, ninguém foi preso e a impunidade persisti”.
“Este é um momento de luto, mas também de luta. Por isso, exigimos que a Justiça inicie imediatamente as investigações sobre o assassinato de Márcio. Não permitiremos que essa morte passe impune e daremos continuidade a luta popular travada por ele nas diversas trincheiras”, salienta a direção do MST em nota enviada para a imprensa. Márcio Matos tinha 33 anos de idade, era filho do ex-prefeito de Vitória da Conquista, Jadiel Matos, foi um militante da classe trabalhadora, forjado a partir da luta pela terra. Ex-dirigente nacional do MST pela Bahia e era um dirigente combativo do Partido dos Trabalhadores no estado. A família de Marcinho, mesmo em choque, está tomando todas as providências para o velório e enterro. Nesta quinta-feira (25) é aniversário da mãe dele e estaria com sua família comemorando. O velório acontece na sede do MST, localizada na Avenida Fernando Spínola, no centro de Conquista, cidade onde reside sua família e onde Marcinho será sepultado às 10h desta sexta-feira (26).
Jornal da Chapada
Veja as manifestações em homenagem a Marcinho
Incra
Gleisi Hoffmann
Valdes Brito
Rui Costa
Valmir Assunção
Ivan Alex
Suíca
Jaques Wagner
Marcelo Nilo
Mário Jacó
Neto do MST
Eduardo Salles
Jonas Paulo
PT da Bahia
Prefeitura de Ituberá
Voz do Movimento – MST Bahia
Alex Lima
Marta Rodrigues
Rosemberg Pinto