Dos três senadores baianos, dois votaram a favor do decreto presidencial para que ocorra uma intervenção federal na área da segurança pública no Rio de Janeiro. Um sufrágio, no entanto, chamou mais atenção. Foi o do senador Otto Alencar (PSD), que votou favorável um dia depois de se mostrar contra a operação. Em entrevista à rádio Metrópole no início desta semana, o congressista chamou de “muito equivocada” a decisão do governo do presidente Michel Temer (MDB) de intervir na segurança do Rio de Janeiro. Afirmou que, para combater a criminalidade, é preciso “fiscalizar com rigor as fronteiras do Brasil para não entrar a droga, que não é produzida” no país. “Essa intervenção no Rio é exatamente para dar uma satisfação, porque não tem voto na Câmara nem terá no Senado para aprovar reforma da Previdência”, ressaltou.
Otto chegou a afirmar ainda que a intervenção era “uma maquiagem, uma fantasia para desviar” a situação do presidente Temer. Ele lembrou que o chefe do Palácio do Planalto era investigado por supostamente receber algo em troca da edição de decreto que teria beneficiado a empresa Rodrimar. Um dia antes os correligionários partidários do senador – Antonio Brito, Fernando Torres, José Nunes, Sérgio Brito e Paulo Magalhães (PSD) – também votaram a favor da intervenção. O senador Roberto Muniz, do PP, seguiu a mesma posição de Otto. Já a senadora Lídice da Mata (PSB) foi contra. Foi a única dos baianos a discursar no Senado sobre o seu posicionamento. Disse que a operação no Rio de Janeiro não pode ser tratada como “uma coisa normal, uma coisa que acontece todos os dias”.
“Eu me dei ao trabalho de ler nesses dias tudo o que saiu sobre intervenção, de todos os especialistas possíveis. Eu me dei ao trabalho de assistir a todas as entrevistas, a ouvir as reações, nas entrevistas, da própria comunidade no local. […] Portanto, nós estamos falando de um país e de uma situação extremamente grave, extremamente grave. E a mim me chama a atenção a pouca preocupação que aparece nos pronunciamentos de alguns, e até um certo tom de brincadeira que acho extremamente nefasto para que o Senado possa dar a contribuição que deve a essa questão, que deve à Nação a esta questão da segurança pública”, criticou.
Por 55 votos a 13 e uma abstenção, o Senado aprovou o decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro para a área da segurança. Com a aprovação da medida pelos deputados e pelos senadores, o governo federal foi autorizado a nomear um interventor no estado com a justificativa de que é para evitar o “grave comprometimento da ordem pública”. Da Tribuna da Bahia.