A resolução do brutal assassinato do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Márcio Matos, o popular Marcinho, foi um dos assuntos tratados em entrevista exclusiva do Jornal da Chapada com o dirigente nacional João Paulo Rodrigues. Durante atividade do Fórum Social Mundial 2018, em Salvador, nesta quinta-feira (15), na Assembleia Legislativa da Bahia, Rodrigues pediu celeridade nas investigações para saber o que de fato aconteceu. Marcinho foi morto a tiros em janeiro deste ano, no município de Iramaia, na Chapada Diamantina. Para o dirigente nacional, a morte do líder baiano representou uma perda enorme para o MST e explica o porquê.
“Primeiro pela sua capacidade e liderança no estado da Bahia. Márcio era desses dirigentes que conseguia combinar a luta política pela reforma agrária mais a luta partidária, luta do PT. E deu uma contribuição importantíssima nesse sentido. Por fim, o que nos deixou mais preocupados, e isso continua ainda, é se a direita, ou setores conservadores tiveram coragem de assassinar Marcinho, que era uma das lideranças públicas de maior importância na Bahia, imagina o que eles ão capazes de fazer com os acampados, com a juventude que vive nos assentamentos”, frisa o dirigente nacional do movimento.
Ainda conforme João Paulo, o governo da Bahia respondeu à cobrança do movimento e o governador pediu intensa investigação. “Estamos cobrando do Governo do Estado para que nos dê resposta, por parte da polícia, o que de fato aconteceu e, ao mesmo tempo, estamos solidários com a família, com toda nossa militância, não só da Chapada, mas de toda a Bahia, no sentido de acompanharmos de perto e fazer com que a Bahia saia fortalecida de todo esse processo. Mas é uma perda muito grande para o conjunto do MST”.
Mortes no campo
O dirigente nacional João Paulo Rodrigues ainda tratou da violência no campo e do crescimento da onda de crimes relacionados à conflito por terras no país e aponta que a situação atual com o governo de Michel Temer é preocupante.
“Perdemos, só no campo, 100 companheiros durante o governo golpista e a sensação que passa é que eles estão autorizados a fazer esse tipo de assassinato, esse tipo de confronto, pois sabem que não vai acontecer nada”.
“Acho que as saídas não são simples, acho que devemos não cair em paranóia de que vão caçar todo mundo, mas a melhor saída é continuar na luta, resistindo e denunciando o governo golpista”, complementa.
Vitor Fernandes para o Jornal da Chapada