A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de ter “faltado” com a República. De acordo com a magistrada aposentada, em entrevista à Rádio Metrópole, o órgão sempre teve indicações políticas, mas abrigou nomes que souberam honrar a Corte. “O STF sempre foi um órgão político, por isso as escolhas são políticas. O STF teve momentos de glórias com homens com independência, com pudor e respeito da população. Depois da Constituição de 88, o STF passou por um ativismo, a coisa passou a piorar, aí dizem que a culpa é dos nomes que escolheram. Mas eu cito o nome de homens como o ministro Ayres Brito, que era amigo de Lula e esqueceu tudo isso quando vestiu a toga. O ministro Joaquim Barbosa da mesma maneira”, lembrou.
Ainda de acordo com Eliana, a TV Justiça potencializou a exibição de vaidades dos membros do Supremo. “Nós passamos a ver os bastidores do STF. Existem livros contando as vaidades, as desavenças internas, então, estamos em uma fase ruim, onde estão pagando favores, colocando lá dentro favores ideológicos. As coisas estão desfilando aos nossos olhos”, apontou. A decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a prisão do ex-presidente Lula somente após a conclusão do julgamento do habeas corpus foi comentada pela a ministra aposentada.
“Há um movimento interno para tentar salvar o caso Lula da Silva. A opinião pública tem um peso muito forte, mas não sei até que ponto. Aquelas 11 criaturas [ministros] são as mais poderosas do país. O perigo do Poder Judiciário é essa segurança dada a ele, que nos faz refém de pessoas que às vezes a gente não admira”, declarou. Para ela, a postura dos ministros na sessão que garantiu a liberdade do petista até o dia 4 de abril é descartável.
“Depois do que eu vi no julgamento de quarta-feira… Estou autorizada a pensar qualquer coisa. Primeiro ficou atrasando o julgamento, estava tudo caminhando para eles não julgarem. Depois veio o ministro Marco Aurélio dizer que ia se ausentar para comparecer a uma homenagem. Isso foi um tapa na cara”, finalizou. No início do mês, durante a Conferência Magna na XVI Conferência Estadual da Advocacia Mineira, Calmon disse não acreditar que a Operação Lava Jato vai investigar magistrados.
“Já estive conversando com integrantes da força-tarefa e o que eles dizem é o seguinte: os próprios advogados dos colaboradores não querem que os seus clientes falem sobre os juízes. [Se uma denúncia for registrada] os juízes ficam e o advogado se inutiliza, porque o juiz nunca mais perdoa”, relatou. As informações são da Tribuna da Bahia.