Apesar do governo do presidente Michel Temer (MDB) apontar como encerrado o processo de negociação com os caminhoneiros, muitos piquetes da greve nacional – que já dura oito dias, prometem resistir na região da Chapada Diamantina. Em Seabra, o movimento segue, só fez mudar de local e, em Itaberaba, o Jornal da Chapada visitou o acampamento onde estão amotinados os profissionais do asfalto bem na hora do almoço nesta segunda-feira (28).
Na visita, a reportagem conversou com o caminhoneiro Wagner Ribeiro, morador da cidade de Anápolis (GO). Segundo Wagner, a recomendação do comando de greve é resistir até que o governo sensibilize e atenda a pauta de reivindicação da categoria que inclui, principalmente, a redução significativa no preço do óleo diesel e dos pedágios. Temer informou, entre outras medidas (veja aqui todas), que o preço do óleo diesel será reduzido em R$ 0,46 por litro nas bombas por 60 dias.
Segundo informações disseminadas pelo governo federal, o custo da redução do preço do diesel em R$ 0,46 por litro deve ficar em R$ 9,5 bilhões este ano. Outra medida é a isenção da cobrança de pedágio para os caminhões que circularem com eixo suspenso em todo o país. Entretanto, os caminhoneiros dizem não reconhecer as medidas e apontam que são momentâneas e não resolvem o problema. Os manifestantes também questionam a manipulação de notícias para beneficiar o governo e enfraquecer a greve.
“A mídia está veiculando muitas inverdades sobre o movimento, tentando inclusive denegrir a nossa imagem, do irmão caminhoneiro. Por exemplo, nós não estamos restringindo a passagem de urgências e emergências e cargas vivas como podem observar, a pista está livre, estamos estacionados à margem da BR. Nós só estamos aqui porque não há definição na nossa pauta de negociação com o governo. O que o governo prometeu é muito pouco diante do que reivindicamos. E quando for oferecido um preço justo, nós vamos botar nossos caminhões na estrada e voltar a rodar esse país”, aponta Wagner.
A situação dos caminhoneiros chamou a atenção da reportagem do Jornal da Chapada. A editora-chefe Deninha Fernandes, que entrevistou o caminhoneiro e conheceu de perto o local da manifestação em Itaberaba, fez um relato. “Cheguei na hora do almoço, e confesso que fiquei sensibilizada por observar muitos pais de família, com seus físicos deformados, com sobrepeso, marcas de sofrimento no rosto curtido de rodar esse país em estradas esburacadas, levando todo tipo de carga útil ao Brasil e à sua gente, sitiados em condições insalubres no piquete da BR 242, próximo ao Restaurante Santa Helena. Para se ter uma ideia, o almoço foi feito por dois deles, com os insumos doados pela comunidade itaberabense”.
Ainda na entrevista concedida, o caminhoneiro Wagner Ribeiro agradeceu e solicitou mais apoio do povo de Itaberaba e região. Ele afirma que a luta não é só dos caminheiros e sim de toda a sociedade. “A nossa luta não é só para baratear o óleo diesel, mas sim todos os derivados do petróleo como a gasolina, o gás de cozinha e os demais derivados”, completa o manifestante. De acordo com o movimento, a greve não tem dia e nem hora para acabar, só depende do governo federal aceitar as propostas.
Jornal da Chapada
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