Em um ano em que a economia brasileira foi cercada por uma névoa de incertezas, a mineração baiana tem bons resultados para comemorar. O cobre e o vanádio, em alta no mercado internacional, foram os principais destaques de 2018, com perspectivas de manutenção de preços vantajosos nos próximos anos. Em franca recuperação desde sua aquisição pela canadense Ero Copper, ocorrida em 2016, a Mineração Caraíba deu início à operação da mina de Vermelhos, no Vale do Curaçá (norte baiano). Embora a produção ainda seja limitada, ela aumentará gradativamente podendo chegar a 27,5 mil toneladas nos próximos anos. Diante desse quadro, a empresa anunciou investimentos de US$ 96 milhões e a contratação de mão de obra.
A Caraíba é a principal empregadora do setor no estado, responsável por 15,5% dos postos de trabalho, o que representa 2,3 mil pessoas atuando em suas minas e planta de beneficiamento. O CEO da empresa, David Strang, é otimista em relação ao futuro. À revista especializada Brasil Mineral, ele disse que a previsão de produção da Caraíba está focada em “crescimento agressivo da produção e utilização da capacidade operacional das nossas instalações de processamento, que estão subutilizadas”.
Outra notícia de impacto no mundo da mineração foi a confirmação da existência de minério com teores de cobre de até 9,4% na região, em alguns dos cinco novos alvos investigados. A Caraíba tem um programa de investimentos de US$ 20 milhões visando descobertas de minério de alto teor na região do Vale do Curaçá.
O que deixa o mercado mais animado é a tendência de elevação do preço do cobre no mercado internacional. A Bahia pode ser beneficiada pela guerra comercial entre China e EUA, que deverá prosseguir pelos próximos anos mesmo com os sinais de pacificação emitidos recentemente pelos presidentes Xi Jinping e Donald Trump.
Para voltar a crescer em níveis idênticos aos de alguns anos atrás, o país asiático lançou um programa de grandes obras internas de infraestrutura e, para isso, terá de comprar muito cobre. Atualmente, a China adquire metade desse metal refinado produzido no planeta. Excelente condutor, o cobre é largamente utilizado em fios e cabos elétricos, material de primeira necessidade na construção civil.
Mas as preocupações com a sustentabilidade ambiental também aumentam o apetite do mundo pelo cobre, principalmente com o crescimento do mercado de carros elétricos, que usam componentes desse metal em suas baterias. Estimativas indicam que até 2027 haverá 27 milhões de ônibus e carros elétricos cruzando as ruas e estradas do mundo. Isso pode gerar uma demanda adicional de 1,75 milhão de toneladas durante esse período, sendo que hoje o planeta consome 23,9 milhões de toneladas/ano, segundo estudo feito pela Associação Internacional do Cobre.
“Na economia globalizada, não podemos deixar de aproveitar o bom momento para crescer e criar novas oportunidades para o trabalhador. o Governo do Estado será parceiro apoiando esse e outros empreendimentos”, diz a secretária de Desenvolvimento Econômico, Luiza Maia.
Vanádio
O vanádio foi a outra estrela da mineração baiana no ano que se encerra. Há algumas semanas, a também canadense Largo Resources recebeu autorização do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) para tocar o projeto de expansão da mina Menchen, no município de Maracás, centro-sul baiano. A empresa anunciou que pretende ampliar de aproximadamente 800 toneladas para 1 mil toneladas por mês a produção de pentóxido de vanádio.
O produto, um composto químico produzido a partir do minério, experimentou valorização no mercado global de 129% entre janeiro e outubro de 2018, animando os investidores. A grande alta foi provocada mundialmente pela escassez do minério e pela inexistência de estoques.
Considerado um supercondutor, o vanádio, combinado com o aço, também empresta resistência à corrosão a este metal utilizado largamente na construção civil e em maquinário de todos os tipos. A alta deve durar até pelo menos 2025, apontam alguns estudos. “O mercado está aquecido isso beneficia a Bahia”, comemora Ana Cristina Magalhães, coordenadora de Mineração da SDE. As informações são de assessoria.