A Casa dos Estudantes de Itaberaba (CEI), município da Chapada Diamantina, com sede em Salvador, comemorou 48 anos em julho de 2018. Criada em 12 de julho de 1970 para abrigar na capital baiana futuros universitários em vulnerabilidade social vinculados à Associação Estudantil de Itaberaba, o equipamento sempre foi de utilidade pública, visto a carência, pois só existiam duas universidades na capital. Eram poucos associados, empossando-se a primeira diretoria em agosto. A CEI tem papel fundamental na educação de Itaberaba, e só foi possível graças ao empenho de diversos setores. Residências interioranas começaram com a Padre Camilo Torrend em 1960, no centro antigo de Salvador, surgindo a Confederação Interiorana de Vestibulandos e Universitários do Interior da Bahia (CIVUB), entidade que articulava as casas e residências estudantis, hoje cerca de 50.
Para conquista da sede própria adquirida em 6 de julho de 1993 (na Rua Futuro do Tororó, nº 16, bairro histórico, região central da capital), foram extremas dificuldades. Cinco despejos de aluguéis, do glamouroso bairro da Barra, classe média. Os estudantes estavam desabrigados, morando de favor, peregrinando nos anos 1975 a 1990; passando pelo sótão da igreja da Boa Viagem, perto do Bonfim, na Cidade Baixa, salvação do defensor e saudoso padre Geovanne Canneva, da paróquia do Rosário; pastor Miguel e outros.
As mães, professores, movimentos estudantis, prefeitos, gestores públicos, legisladores, e a sociedade em geral, recolhiam alimentos, além do constante engajamento. “Fizemos muita greve de fome, sempre alojados na sede da prefeitura; realizávamos festival de música anual; angariamos ajuda na festa da padroeira Nossa Senhora do Rosário; cerca de 400 já residiram, predominando 40% do sexo feminino. Com saudades do colo de casa, reina o espírito de família e o lúdico da juventude dos pré-vestibulandos”, aponta nota do Centro Cultural Popular Comunitário de Itaberaba enviada para a imprensa. A conclusão do segundo grau, a maioria de origem do antigo Colégio Estadual de Itaberaba, hoje com outro nome profissionalizante, e da Escola Técnica Federal da Bahia, era passaporte para o diploma superior.
A democratização do acesso e difusão pelo interior, a recente conquista de cotas, tem também como foco residência estudantil na zona urbana dos municípios, para que estudantes da zona rural, dos povoados, possam alcançar nível superior. Em nota, o Centro Cultural Popular Comunitário de Itaberaba afirma esperar a criação de mais vagas. “Hoje já existem em Itaberaba, graças também à nossa luta, faculdades como a Uneb, Campus XIII, que se instalou em 1991, já oferecendo cinco cursos. Em julho de 2015 foi comemorado 45º aniversário para memória da educação de Itaberaba registrado em documentário. A luta continua, são 48 anos de desafios e muita glória, e a CEI prossegue seu objetivo de acolher universitários carentes”, diz a nota. Jornal da Chapada com informações de assessoria.