O Rio Utinga abastece os municípios de Andaraí, Lajedinho, Wagner e Utinga, mas possui uma importância estadual, pois é um dos maiores afluentes do Rio Paraguaçu, que abastece por sua vez Salvador e Região Metropolitana. Na audiência pública desta quarta-feira (15), na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o que não faltou foi crítica e proposta para resolver a situação da falta de água no rio, principalmente no período de seca. O prefeito de Utinga, Joyuson Vieira (PSL), por exemplo, diz que foi para o encontro para defender a bacia do manancial, seu gerenciamento e frisa que entende a problemática hídrica da Bahia. Ele afirma que o município não é um problema, mas sim uma solução para questão.
“Utinga não pode ser o vilão. É o único município produtor de água e não consumidor e não queremos que outros fiquem sem o recurso natural. Queremos apenas a democratização dele. A esperança é que a Assembleia consiga sensibilizar o governo do estado para enfrentar essa questão como ela deve ser enfrentada”, critica Vieira. Ele ainda ressalta que em quase toda sua extensão, o rio não tem grandes produtores e que não são eles o problema, mas sim a falta de atenção do estado e da falta de fiscalização e gerenciamento do uso da água. “Existem pequenos e micros produtores na região do Rio Utinga. Não tem médio produtor, grande nem se fala. O que precisamos é de gerenciamento do uso das águas do rio”.
Vieira ainda frisa ter percebido uma preocupação do presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alba, onde aconteceu a reunião, José de Arimatéia, do deputado Marcelo Veiga (PSB), e de outras pessoas que o antecederam em registrar que o debate tem que ser técnico e que afastasse qualquer vinculação política. “Só para tranquilizar a população, eu quero registrar que a importância do rio para nós é imensa. Tanto que o próprio nome do nosso município advém daí, ‘Águas Claras’. Para deixar claro, que a política partidária jamais permeará esse debate, de tamanha importância para nós registro que Utinga, nos últimos 24 anos, teve apenas dois prefeitos. Alberto Muniz tem quase 70 anos de idade e eu quase 60. Alberto tem três mandatos nos últimos 25 anos, eu estou no terceiro”.
“Passamos nossas vidas políticas em caminhos absolutamente paralelos. Em todos os momentos da vida essas linhas paralelas nunca se tocaram. E o Rio Utinga é tão importante que esse é um dos raros momentos em que essas duas linhas se encontram e nós nos abraçamos para dizer que estamos juntos em defesa da bacia do Rio Utinga e não apenas do rio. Estamos satisfeitos com o resultado da reunião e precisamos dividir o embate político e técnico”, completa. Na audiência, foram defendidas as instalações de poços artesianos, de barragens ao longo do rio, técnicos e povos indígenas, mais especificamente os Payayá, defenderam o reflorestamento do leito do manancial que já vem sendo realizado por comunidades ribeirinhas via governo estadual.
Participaram do encontro ainda, além de prefeitos, vereadores, os propositores da audiência, os deputados Marcelo Veiga, Eduardo Alencar (PSD), e Mário Jacó (PT), o vice-prefeito Átila Karaoglan, o presidente da Câmara de Vereadores de Utinga, Jonas Aguiar, os vereadores Toinho Muniz e Manoel Moreira, os representantes das comunidades rurais, Wilson Pianisola, e dos índios, Edilene Payayá. O ex-prefeito de Utinga, Alberto Muniz, os prefeitos de Wagner, Elter Bastos, e de Lajedinho, Marcos Mota estivem no debate. Também participaram, representantes de diferentes órgãos estaduais como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraguaçu, do movimento SOS Semiárido e agricultores familiares.
Jornal da Chapada
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