Genuinamente baiano, o Calango do Abaeté (Glaucomastix abaetensis), descoberto na mística lagoa de mesmo nome, em Salvador, é uma espécie que está ameaçada de extinção. Com sete cores e cauda verde-azulado brilhante, o calango foi descrito pela ciência apenas em 2002 e ainda pode ser encontrado em Salvador e no Litoral Norte da Bahia, em áreas de restinga. O monitoramento do Calango do Abaeté é realizado no Parque das Dunas há mais de quatro anos, único local em Salvador onde a espécie ainda é encontrada. Com 25 anos de fundação, 6,9 milhões de metros quadrados e uma biodiversidade que impressiona, o parque contribui ativamente para a preservação do meio ambiente.
“Antes de ser um monte de areia, o Parque das Dunas é um monte de vida e nos orgulhamos em receber pesquisadores interessados em investigar a nossa biodiversidade. A conservação deste espaço dentro da cidade possui funções importantes, como a retenção de salinidade, calor e chuvas, essenciais para, por exemplo, regular o clima em Salvador”, avalia Jorge Santana, gestor do parque.
No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira (5), a espécie pede socorro. Caso seja extinto na capital, restariam apenas em quatro municípios: Camaçari, Mata de São João, Entre Rios e Esplanada. Num momento em que a Natureza se apresenta especialmente inquieta, com manifestações causadas ou não pelo homem, mas que cobram um preço alto em vidas, tais como furacões furiosos, enchentes devastadoras, deslizamentos letais, invernos glaciais. Esse dia o dia Mundial do Meio Ambiente é marcado, também, pela retomada de reflexões sobre as ações humanas e políticas em relação a nossa biodiversidade.
Ameaça real
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou recentemente um relatório preocupante: dentro de algumas décadas, cerca de 1 milhão de espécies da fauna e flora correm risco de extinção em todo o mundo. O relatório alerta que a taxa é a maior dos últimos 10 milhões de anos e evidencia a ação devastadora do homem sobre a natureza. Sem medidas eficientes para mitigar esse cenário, a tendência é que haja uma aceleração no processo de extinção das espécies, inclusive do Calango do Abaeté.
Dia Mundial do Meio Ambiente
Para marcar a data e contribuir com a preservação e divulgação da espécie, um evento foi realizado no Parque das Dunas. A exposição foi promovida pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), representada pelo Centro de Ecologia e Conservação Animal (Ecoa), e a Universidade Livre das Dunas e Restinga de Salvador (Unidunas), que faz a gestão do parque. O encontro reuniu pesquisadores, estudantes, comunidade e indígenas da tribo Kariri-xocó.
As atividades promovidas pelo Dia Mundial do Meio Ambiente ressaltaram a importância do cuidado com o meio ambiente e sensibilizaram a comunidade para conhecer e preservar o Calango do Abaeté, que integra as listas de espécies ameaçadas do Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio) e do estado da Bahia, além de figura como espécie-alvo do Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna do Nordeste (PAN do Nordeste). Pesquisadores alertam que, caso medidas urgentes não sejam adotadas, a espécie corre o risco de desaparecer para sempre do planeta. Com informações de assessoria.