O mel orgânico produzido pela Associação de Apicultura do Vale do Capão (AAVC), no município de Palmeiras, na Chapada Diamantina, recebeu na última semana a Nota Técnica 04/2019 emitida pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (Pernambuco), em parceria com a Universidade de São Paulo, na cidade de Ribeirão Preto (São Paulo), que comprovou que não há contaminação agrícola. As 55 amostras de mel enviadas para análise laboratorial foram negativadas quanto a presença de resíduos de Fipronil, Tiametoxam, Dinotefuran, Imidaclopride, Nitenpiram, Acetamiprode, Tiacloprid e Glifosato. As análises laboratoriais foram feitas dos lotes produzidos pela AAVC entre 26 de abril de 2018 e 8 de abril deste ano, nos municípios de Lençóis, Palmeiras, Seabra e Iraquara.
A Nota técnica foi assinada por uma das colaboradoras da proposta, a Dra. Aline Candida Ribeiro Andrade e Silva, responsável pelo transporte e armazenamento dos lotes, Pesquisadora em Ciência da Terra e Meio Ambiente e Pós doutora em Genética e Evolução de Insetos (Cemafauna – UNIVASF). As amostras já estão disponíveis para análise completa na Universidade de Cardiff na Inglaterra, que terá seu resultado divulgado posteriormente, com o maior número possível de contaminantes potenciais do mel.
Segundo o novo presidente da Associação, Paulo Henrique Pereira de Aquino, o mérito deste resultado vai, em primeiro lugar, para os produtores rurais da região, que em grande maioria ainda se abstém de utilizar agrotóxicos. “Ao redor dos locais onde colocamos as nossas colmeias não pode existir nenhuma cultura agrícola que aplica venenos, e precisamos cumprir mais de três quilômetros de distância também de outras fontes de contaminação, como zonas industriais e urbanas, lixões e estações de tratamento de esgoto”, afirmou. A participação nesta pesquisa, que também analisou amostras de mel de outras regiões da Bahia, se deu justamente pela curiosidade em se obter a confirmação científica pela pureza dos méis produzidos na Chapada.
Beneficiamento
Neste primeiro semestre a AAVC beneficiou 20,7 toneladas de mel produzidas por 61 apicultores em oito municípios. A associação busca favo por favo nos apiários e os conduz em veículo próprio para a Casa de Mel, localizada no Vale do Capão, única estrutura com o Selo de Inspeção Federal no território Chapada. Lá acontece a centrifugação, decantação, classificação, envase e rotulagem do mel sob os cuidados de Roberval Santos Neves. Segundo Ró, como é conhecido, todas as precauções para manter separado o Mel orgânico do Mel comum estão sendo tomadas também na Unidade de Beneficiamento, que recentemente implantou o Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC).
Potencial
Na análise de Pedro Constam, diretor da Federação Baiana de Apicultura e Meliponicultura (Febamel), a Apicultura e Meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão) ainda devem crescer muito na região. “A Chapada Diamantina é rica em flora e fauna, além da espécie Apis melífera encontramos ainda em certa abundância abelhas das espécies Mandaçaia, Uruçú, Jataí, Iraí e Tubí, para citar só as mais frequentes. Apesar de uma crise momentânea no Mercado do Mel, toda iniciativa de criar abelhas com ou sem ferrão leva no mínimo a melhoria da saúde da família do próprio produtor, que passa a consumir mel e pólen e remediar enfermidades e infecções com os produtos da colmeia, a exemplo da própolis”, finalizou. Jornal da Chapada com informações de assessoria.