Por Leonardo Chucrute*
A depressão vem atingindo grande parte da população, principalmente naquelas pessoas que estão fazendo concursos. É uma doença que não discrimina classe social, sexo, orientação sexual nem mesmo crenças. Antes, chegava a pensar que era balela. No entanto, vi um caso real. Certa vez, um aluno passou com boa nota pela primeira fase da Escola Preparatório de Cadetes do Ar (EPCAR). Porém, na segunda fase, simplesmente surtou diante de toda aquela tensão da etapa seguinte. Ele chegou ao ponto de não conseguir sair de casa nem tinha ânimo para viver.
Diante da busca por resultados, os estudantes ficam preocupados se vão desapontar a família. Ficam se questionando: será que vou conseguir? Será que tenho valor? Será que vou fracassar? São tantos “serás”, cobranças e diversas outras coisas que acontecem. Na verdade, a pessoa só precisa estar ciente de que é importante, que a sua vida tem valor e que não pode desistir. Esquecem que, nesse plano todo de fazer concurso, de fazer prova, de ser bem-sucedido, o mais importante é a vida. Ela tem um valor inestimável e não podemos simplesmente ficar paralisados.
É fundamental entender que uma prova é só mais uma prova. Vivemos numa sociedade onde a cobrança é gigante. Diversas pessoas querendo mais e mais. O que vemos na TV ou nas mídias sociais são imagens de sucesso e de que só importa se for o melhor. No entanto, tudo só funciona se estivermos vivos. Por outro lado, a família também precisa ser amiga. Tem que participar, apoiar e acreditar. Eu ouvi casos de que a família reclamou pelo fato de um aluno conseguir nota 7 na prova, pois os parentes esperam mais. Não se deve pensar só na cobrança. Os pais precisam valorizar, estimular e acreditar mais no esforço e no potencial dos seus filhos.
Quando alguém diz que está começando a se sentir triste ou mesmo relata depressão, não é porque tem o desejo de aparecer. Esse transtorno é um problema comprovado e pode envolver questões de neuroquímica cerebral. Então, dê amor, dê atenção e valorize essa pessoa. Infelizmente, algumas pessoas chegam num nível tão profundo que simplesmente desistem de tudo. O músico Chorão foi exemplo de quem tinha um enorme potencial na sua carreira, mas, mesmo assim, sucumbiu à depressão.
Vamos combinar uma coisa? Estamos proibidos de desistir da vida. Todos nós somos importantes para nós mesmos, para nossas famílias e amigos. Então, não desista. Caso se você, um amigo ou parente tiver algum problema, procure o auxílio de pessoas capacitadas e que querem ajudar. Em muitos casos, talvez nem precise gastar tanto. Por exemplo, há algumas formas bem simples de combater a depressão de alguém. Isso envolve a reciprocidade, compaixão e o sentimento de “estar juntos”. Abrace mais, viva mais, a vida é passageira, assim como as dificuldades.
*Leonardo Chucrute é diretor geral do Colégio e Curso Progressão