No Ponto de Entrevista dessa semana, conversamos com o prefeito de Utinga, Joyuson Vieira Santos (PSL). Vieira é administrador de empresas por formação, com experiência no mercado financeiro, e é conhecido no município e na região por sua postura e coerência política, sendo considerado, atualmente, um dos melhores prefeitos da Chapada Diamantina. Joyuson já foi prefeito nos períodos de 2005 a 2012 e sempre demonstrou em sua trajetória política dois traços muito fortes. A capacidade administrativa e a sensibilidade para trabalhar por todos, priorizando aqueles que mais precisam.
Prefeito pela terceira vez, segue sendo o governo que mais fez calçamentos em Utinga, além de ser responsável pelo maior programa habitacional da história do município. Nesse mandato, o Joyuson prioriza a implantação do sistema de abastecimento de água com o objetivo de levar agora potável às torneiras de 100% da população, mesmo em locais isolados. Construiu e colocou em funcionamento o Hospital Municipal de Utinga, alcançou os melhores resultados na área de Educação, assegurou a estabilidade do servidor público municipal, realizando em seu governo mais concursos públicos que em toda a história dos outros governos somados.
Vieira sabe gerenciar crises sem penalizar os que mais precisam e, quando são necessárias medidas fortes, não teme em tomá-las. Nesse bate-papo, realizado durante a eleição de Ricardo Mascarenhas para presidente do Consórcio de Saúde, que vai administrar a Policlínica Regional que será implantada em Itaberaba, Joyuson fala de sua administração e política local, regional, estadual e nacional. Leia a íntegra abaixo.
Jornal da Chapada – Prefeito Joyuson Vieira, como está o município após o São João?
Joyuson Vieira – Utinga está tranquila, o São João foi feito com muita responsabilidade, uma festa grande, com quatro dias, com estrutura boa, porém com contratações responsáveis de bandas do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, e da região também. Especialmente de forró que é nossa tradição.
A festa em si está 100% paga, os salários de junho já foram disponibilizados antes mesmo da festa, para possibilitar que as pessoas tivessem condições de brincar já com dinheiro no bolso. O mês de julho está tudo sob controle e a cidade segue em seu curso normal. Foi uma demonstração da responsabilidade e do planejamento que vem funcionando em Utinga desde 1º de janeiro de 2017.
JC – O senhor pode nos dizer quais as obras que estão sendo realizadas hoje no município?
JV – Em Utinga temos obras em povoados, inclusive concluímos recentemente 2 mil metros quadrados de calçamento no povoado de Cabeceira do Rio e estamos calçando boa parte da comunidade de São Roque. Estamos recuperando alguns Postos de Saúde da Família e instalando gabinetes odontológicos em toda a zona rural. Na sede estamos concluindo o calçamento de uma grande avenida, a Aristóteles Neto, já terminamos o calçamento do bairro Liberdade, um conjunto habitacional com 200 casas que foram construídas em nossos mandatos anteriores.
Enfim, Utinga vem tocando as obras com recursos próprios, paralelamente àquelas poucas que nós conseguimos através de emendas parlamentares quer seja federal, por meio do então deputado federal Jutahy Magalhães, quer seja estadual, através do então deputado Marcelo Nilo, e agora com o apoio do deputado estadual Marcelo Veiga, que está nos ajudando a liberar essas emendas.
JC – O senhor ficou na história da região por ser o único prefeito que conseguiu cumprir dois mandatos consecutivos, administrando com responsabilidade e sem maioria na Câmara. Como anda, nesse mandato, o seu relacionamento com a Câmara Municipal de Vereadores?
JV – O meu relacionamento com a Câmara é o melhor possível, obviamente que sempre tivemos minoria, nos seis primeiros meses de mandato tivemos só seis vereadores e a oposição cinco. Naquele primeiro semestre um dos vereadores eleito por nossa base rompeu, migrou para oposição. Mas, mesmo com essa minoria aparente, não temos problemas com a Câmara.
Nessa Legislatura há muitos vereadores sensatos na oposição que, quando os projetos são de interesse da coletividade, aprovam os projetos. Fizemos, inclusive, a Presidência da Câmara, apesar da minoria aparente. O que significa que nossa relação de entender o diferente, de respeitar o desigual, tem trazido de volta o respeito ao nosso governo e a parceria inclusive da oposição.
JC – Os municípios têm recebido muitas obrigações e pouco dinheiro para mantê-las. E o governo do estado, o que tem feito para ajudar a administração municipal de Utinga?
JV – O governo estadual faz a parte dele. Tem nos ajudado, não posso negar que a Segurança Pública, com a nossa parceria juntamente com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, tem melhorado. No tocante a obras, temos uma parceria antiga no sistema de abastecimento de água da Mariazinha, que está sendo tocado dentro do tempo regular. Esperamos que dentro do prazo estabelecido, que é ano que vem, seja inaugurado. É uma obra que o governo do estado, através da Embasa, está tocando. Temos uma emenda parlamentar do então deputado Marcelo Nilo que está em vias de conclusão e uma parceria institucional entre município e governo do estado.
JC – Estamos no ano pré-eleitoral e o Jornal da Chapada não pode entrevistar um prefeito sem lhe fazer essa pergunta: O senhor vai para a reeleição?
JV – A reeleição é um processo natural de qualquer prefeito que esteja bem, com apoio popular. Nós temos um grupo político. Nosso vice-prefeito foi candidato a prefeito em 2012. É um pré-candidato natural. O prefeito atual, que sou eu, sou pré-candidato natural, e esse processo da próxima eleição será debatido internamente no nosso grupo político, no momento pertinente, quando se abrirem os prazos. De sorte que não temos nenhuma dificuldade em lançar nosso próprio nome ou de qualquer outro membro do nosso grupo, que esteja comprometido com a melhoria da qualidade de vida do povo de Utinga, que sempre foi e será a nossa meta.
JC – Estamos vivendo um período conturbado na política brasileira. Qual a visão do senhor sobre o Brasil hoje, após um semestre com o novo presidente, e em quê isso atinge os municípios?
JV – A situação no Brasil hoje é, no meu ponto de vista, preocupante. No sentido de que nós viemos de uma crise que desaguou num número absurdo de pessoas desempregadas. Se fala em 13 milhões, ora 14. É um número absurdo que não é apenas responsabilidade do governo atual, claro que ele já herdou isso. Mas nós precisamos de um governo que tenha foco, tome medidas visando a reversão dessa situação que assola o país inteiro e obviamente os municípios estão no meio disso.
O que é mais preocupante é que vejo o comandante maior em discussões pequenas, que nem seriam para estar na pauta da Presidência da República. Discutir cadeirinha de criança em automóvel, se vai botar ‘pardal’ na estrada ou não, se vai suprimir pino de tomada, agora caso explícito de tentativa de nepotismo se nomeando filho para Embaixada. Em Utinga, cidade com pouco mais de 20 mil habitantes, sempre tive o cuidado de não ter parentes meus, nem minha esposa ocupa cargos, mesmo sendo permitido pela Súmula Vinculante 13 do STF [Supremo Tribunal Federal]. É preocupante essa quebra da institucionalidade do país.
JC – O senhor é conhecido na Chapada Diamantina como um homem de posição política, um administrador sensato. O senhor está aqui na eleição do presidente do Consórcio de Saúde que vai administrar a Policlínica Regional com sede em Itaberaba. Qual sua visão desse processo?
JV – Vamos por etapas. Eu penso que a formação do consórcio para administração da Policlínica da Chapada é um ganho para a municipalidade. Sou um fervoroso defensor do protagonismo de Itaberaba, acho que como cidade importante, pólo regional, nesse tocante, o prefeito Ricardo Mascarenhas tem todos os méritos. Estamos muito felizes e confiantes que essa policlínica ajude o povo da Chapada.
Com relação a eleição do prefeito da própria cidade onde fica a sede, quebrando uma tradição e uma recomendação em off do governador do Estado, de que a cidade contemplada permitisse que outro prefeito da região fosse presidente, a opinião da maioria é sempre a vencedora. Votei por aclamação em Ricardo, não participei da reunião anterior, embora eu concorde com a opinião do governador. Eu penso que o presidente deveria ter sido de uma cidade mais próxima. Porém, não tiro o mérito de Ricardo, confio na sua capacidade.
JC – Sabemos que o senhor defende uma política de educação com a implantação de uma Universidade Federal com cursos na área de agricultura. Como anda esse processo?
JV – Continuo me movimentando para preencher essa lacuna na Chapada Diamantina. Tenho conclamado o apoio dos consórcios, do governador, sinto que o prefeito de Itaberaba e outros da região concordam com nosso pleito. Acredito que em Utinga nós temos condições de implantar uma escola, pelo menos, no campo de Agronomia. É uma cidade que oferece as melhores condições. É um pólo produtor de hortifrutigranjeiros.
Sem falar, que lá já tem a estrutura adequada que uma fazenda do estado semiabandonada correndo risco de ser invadida. A sede da extinta EBDA. O que espero é que o governador do estado se sensibilize nessa causa. Existe um buraco na educação da Chapada Diamantina. Somos mais de 200 mil habitantes que têm vocação agrícola, mas sem nenhum curso superior gratuito para as pessoas. Fica aqui, com meu protesto, a esperança de que o governador se sensibilize com a necessidade de melhorar a educação na Chapada.
JC – Prefeito, o senhor pode fazer suas considerações finais e dizer o que Utinga pode esperar da administração no início deste segundo semestre.
JV – O povo de Utinga, como sempre, tem me emprestado uma confiança enorme. Ninguém chega ao terceiro mandato sem a confiança do povo. Que está esperando muito trabalho, luta e que a gente trabalhe mais, saúde melhorando, ruas calçadas, segurança pública, que nosso trabalho continue avançando. Você só deixou de me perguntar sobre a questão do Rio Utinga, assunto muito importante para toda região. Estamos tendo muitas dificuldades. A Embasa, felizmente começou a fazer uma pequena barragem para captar água.
Mas nosso rio precisa contar com mais sensibilidade dos nossos senadores. Principalmente porque temos senador chapadeiro, Otto Alencar, é de Ruy Barbosa, temos outro que se diz chapadeiro por adoção que é Jaques Wagner. Até Angelo Coronel, que foi muito bem votado na região. Há décadas, que não só em Utinga, mas em toda a Chapada, venho empenhado para que a gente consiga, tecnicamente, executar o que o Rio Utinga precisa para se perenizar e para amenizar o sofrimento dos ribeirinhos desde sua nascente até sua foz. O que resolve mesmo é gestão efetiva dos governos estadual e federal, os municípios não podem fazer muito, por mais que se esforcem.
Jornal da Chapada