Três pontos de cultura estão fechados no município de Palmeiras, na Chapada Diamantina. O Museu da Cidade, a Casa de Cultura e a Biblioteca Municipal Maria Elisa Batista. As informações são de moradores da cidade chapadeira. Esse assunto rendeu matéria de curso de jornalismo da Uneb, em Seabra, do ‘foca’ Joilson Santos. Ele aponta que os locais atraem turistas e visitantes para a cidade, movimentam a economia local, valorizam a cultura e divulgam o turismo do município para outros estados e países. Mas estão fechados há mais de um ano e três meses.
Herbert Queiroz, produtor cultural e responsável por trazer o museu e a Casa de Cultura para o município, destaca os equipamentos como fundamentais para a cultura local. “Quando o visitante chega a cidade e se depara com esses pontos fechados, eles saem com uma má impressão do lugar, que o próprio município não dá importância devida à sua história e cultura”, alega. Queiroz também sugere ao município abrir esses pontos nos finais de semana e feriados. “O ideal é que esses pontos funcionassem nesse período, devido ao fluxo turístico, pois é quando recebemos um maior número de visitantes, e de segunda a sexta, abrir umas quatro horas por dia já seria suficiente”.
O produtor também fala da importância de ter esses pontos de cultura funcionando antes da realização da primeira Feira Literária de Palmeiras (Flipa), que acontecerá nos dias 5 e 6 de dezembro (veja aqui). “É um contraditório você realizar uma Feira Literária, sendo que os principais pontos de cultura da cidade estão sem funcionar”, relata.
Segundo a secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Poliana Castro, os pontos de cultura do município serão abertos antes da realização da Flipa. “Esse ano ainda, até o final de novembro, vamos reabrir todos esses pontos”. O prefeito Ricardo Guimarães (PSD) também afirma que já está articulando isso.
Biblioteca
Conforme apuração do estudante Joilson Santos, a biblioteca está fechada desde junho de 2018. Ela foi interditada para reforma e até hoje nada foi feito no prédio. Um dos problemas é o telhado. Em épocas de chuvas, a funcionária Jubenita do Nascimento precisava cobrir as estantes. “Quantas vezes eu levava e comprava lona para cobrir prateleiras de livros quando chovia?”, declara a funcionária.
A auxiliar da biblioteca foi transferida para a Escola Municipal Souto Soares após fecharem a instituição, que era bastante frequentada pela comunidade, visitantes e alunos. Diariamente, uma média de 35 estudantes procurava o local para fazer pesquisas. “Muitas obras saiam de lá, principalmente os romances de Jorge Amado. Os estudantes utilizavam as mesas e o espaço para reunião de trabalho em grupo e atividade escolar”, afirma Jubenita.
Para o leitor José Florisvaldo, a biblioteca é muito importante para o município. Ele sempre via alunos, turistas e a comunidade na instituição para fazer pesquisas. Florisvaldo é um amante da leitura e adora ler autores brasileiros. “Hoje estou comprando os livros e às vezes pego emprestado com um amigo. Estou muito chateado, em ver os livros jogados no chão e a biblioteca toda arrebentada”, conta.
Conforme a secretária de Educação, a biblioteca está fechada devido à falta de condições para receber o público e por problemas na estrutura. De acordo com ela, faltam recursos financeiros para começar a obra. “Conversamos com o prefeito. Se caso não conseguirmos a mão de obra pela prefeitura, a gente pode conseguir voluntário e fazer um mutirão. Já temos pessoas preparadas para nos ajudar. O município entraria com o material da reforma”, explica.
Poliana também diz que a biblioteca precisa de uma reforma no acervo. “O acervo está bem decadente, desatualizado. É preciso fazer uma triagem, talvez nem sirva mais, não por falta de mau uso, mas questão de atualidade”. Ela informou que está com um projeto para ser enviado à Fundação Pedro Calmon, do Estado da Bahia, para conseguir um acervo atualizado para a biblioteca.
Museu da Cidade
A memória de Palmeiras é representada pelas primeiras famílias que povoaram o município. Seus móveis, utensílios, fotos e objetos expostos retratam esta época. É uma forma de preservar a história da comunidade e contar histórias desde a época do garimpo. O museu é um lugar para pensar e refletir sobre o tempo, como acompanhar, por exemplo, as mudanças das mobílias. Ele passou por uma reforma recente, mas continua trancado.
A estudante Maria Luiza, 12, revela o quanto o museu é importante para a cidade. Ela fica triste e preocupada sobre como as pessoas que não têm acesso às informações históricas do município vão fazer para se informar sobre a cultura local. “O museu retrata coisas antigas que aconteceram na nossa cidade, então seria bom as pessoas conhecerem, poderem ver e saber a história do passado, isso é muito importante. Ver o museu fechado me deixa triste e preocupada com as gerações futuras”, afirma.
Casa de Cultura
Direcionada ao público em geral, a Casa de Cultura conta com uma exposição permanente de vestimentas e quadros com resumos das principais manifestações culturais populares. Esse espaço também pode ser utilizado para apresentações artísticas, culturais e para exposições de pequeno porte. Embora não apresente problemas em sua estrutura física, essa instituição se encontra inativa atualmente.
De acordo com dados da prefeitura, o museu e a casa de cultura não estão abertos porque existe a dificuldade em remanejar alguém do quadro de funcionários para ficar nesses lugares. Nelcy Freire, historiadora formada pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), afirma que a Casa de Cultura é referência da memória. “É um meio para que a população palmeirense e muitos forasteiros ou turistas conheçam um pouco as manifestações culturais existentes ou que já houve em nossa cidade”.
A historiadora diz ainda que esses órgãos são de suma importância para a população e para as pessoas que visitam Palmeiras. “A nossa cidade é rica não somente da parte cultural, mas também rodeada por belas paisagens. Cuidar, preservar das manifestações culturais ou patrimônio cultural garante o direito de outras gerações conhecerem suas origens”, conclui. Com informações de Joilson Santos.
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