A estiagem alonga-se e a crise hídrica na Chapada Diamantina recrudesce. E uma série de reclamações torna a situação ainda mais problemática. Como exemplo, a bacia do Rio Utinga não recebe obras estruturantes, os assentamentos do baixo-Utinga e a cidade de Lajedinho não recebem os poços artesianos indispensáveis para regularizar o abastecimento humano. Tem ainda, a questão do Inema não regularizar o uso da água. E as populações dos municípios acusam umas às outras e o próprio Inema, guarnecido pela Polícia Militar (PM), executa lacres e confiscos de bombas, de forma truculenta e exagerada. Essas informações foram repassadas ao Jornal da Chapada por moradores do município de Utinga.
E é em Utinga que o debate ganha corpo. Lá não se encontra um único grande produtor, apenas pessoas humildes que praticam a agricultura de sobrevivência, que deveriam receber do Inema o certificado de dispensa de outorga. Mas, de acordo com apuração da reportagem, eles estão sob lágrimas vendo suas pequenas moto-bombas serem confiscadas. Um deles, aos prantos, procurou o prefeito Joyuson Vieira (PSL), sem entender aquela medida e perguntou: “o que farei com minha meia tarefa de mamão, o que farei para dar de comer aos meus filhos? Já estou velho, nem posso mais migrar para São Paulo e, se pudesse, lá, o desemprego também assusta”.
Procurado, o prefeito de Utinga disse que a situação é alarmante e critica as ações do governo estadual via Inema. “Essas ações demagógicas, sem qualquer critério técnico e absolutamente ineficazes, não resolve o problema do baixo-Utinga e gera um enorme problema no município, empurrando quem já é pobre para a miséria e o desespero”, afirma Joyuson. Junto com os deputados Marcelo Veiga (PSB, estadual) e Marcelo Nilo (PSB, federal), o prefeito quer insistir que o governo estadual ofereça concessão das dispensas de outorgas para os que praticam a agricultura de subsistência e sobrevivência.
“Vamos cobrar a construção de barragens para perenização do Rio Utinga e pela conclusão de poços artesianos para resolver o abastecimento humano de Lajedinho e assentamentos. Chega de punições e truculência exatamente contra os produtores de alimentos de Utinga, homens e mulheres humildes e trabalhadores que precisam e merecem respeito e apoio”, completa Joyuson. O prefeito destaca a luta dos deputados, que defendem e exigem investimentos e ações governamentais em defesa do Rio Utinga e dos pequenos produtores da região.
Vídeo do deputado Marcelo Veiga sobre o assunto
Nesta terça-feira (10), direto do plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), o deputado Marcelo Veiga fez um apelo e voltou a pedir intervenção urgente. “Venho aqui suplicar para que as autoridades municipais, estaduais e federais que de fato vejam que esta situação é importante e que devemos agir. O Inema precisa regularizar o uso da água, o uso da água está indiscriminado. Precisamos fazer barragens para perenizar o rio Utinga. O lacre anual não é a solução. Já participei de audiências públicas, reuniões na Cerb, na Embasa e em diversos debates, mas temos que tomar providências eficazes e efetivas para que o rio Utinga não morra e continue ajudando a população pobre que precisa do rio para sua sobrevivência”, aponta o parlamentar.
O prefeito Joyuson frisa que “assim como o governo distribui títulos de terra em todo o estado, por meio do Inema, deve cadastrar, regularizar e distribuir as dispensas de outorgas aos agricultores de subsistência. Se precisar de ajuda, a prefeitura de Utinga está à disposição”, completa.
Jornal da Chapada
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