A análise do material utilizado pela polícia chilena para dispersar manifestantes em diversos protestos que tomaram conta do país há quase dois meses confirmou que foram detectadas água com gás de pimenta e soda cáustica, de acordo com o relatório divulgado na última segunda-feira (16), encomendado pelo Movimento Saúde em Resistência (MSR). O pedido do MSR aconteceu “devido ao número crescente de pacientes que tiveram reações alérgicas” após serem atingidos por água lançada por carabineiros (policiais militares) em caminhões-pipa.
A análise, feita pelo Colégio de Químicos Farmacêuticos e Bioquímicos do Chile, revela que parte da água continha elementos altamente irritantes, com um pH igual a 12 — em uma escala de 1 a 14 — , potencialmente fatal e capaz de causar danos graves ao contato cutâneo, ocular ou por ingestão acidental. As amostras foram coletadas por socorristas e entregues aos membros da MSR.
Os técnicos foram capazes de detectar a estrutura de um composto do tipo vaniloide, identificado como capsaicina, um elemento artificial que se assemelha ao componente principal do gás de pimenta. Além disso, eles também identificaram íons de sódio e grupos de hidroxila, correspondente ao hidróxido de sódio (soda cáustica), “composto altamente corrosivo em contato direto ou em solução e fora de qualquer norma legal relativa ao uso de elementos de controle de distúrbios”. Após a denúncia, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que o tema está sendo investigado.
“Os protocolos permitem adicionar alguns componentes químicos, mas não mais que 2%. Se o protocolo não tiver sido cumprido, vamos corrigir de imediato”, afirmou em entrevista à cadeia de rádio Archi. A polícia, por sua vez, negou o uso de soda cáustica. “Os carabineiros não usam em seus protocolos a soda cáustica. Nos seus protocolos de atuação, o controle da ordem pública e de multidões, isso não está inserido nem no manual de uso da força. Não existe nenhuma forma de empregar esse produto no controle da ordem pública”, afirmou em declarações ao jornal La Tercera o diretor de Logística da corporação, general Jean Camus Dávila.
Ele admitiu, porém, que a polícia utiliza um elemento conhecido como Ortoclorobenzilideno-malononitrilo que, segundo ele, é “empregado de forma ampla em nível internacional”, inclusive nos EUA, Reino Unido e América Latina. A substância é a mesma usada no gás lacrimogêneo. Jornal da Chapada com informações do jornal O Globo.