As mais de 30 mil cartas que o ex-presidente Lula recebeu durante o período que esteve preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, depois de virarem um site e uma peça teatral em Paris, desta vez os textos irão ser transformados em um filme. Na última segunda-feira (22), Lula ficou sabendo em primeira mão sobre a realização da película e conheceu os detalhes do trabalho realizado por voluntários e funcionários do Instituto Lula, um grupo de pesquisadores entre brasileiros, franceses e argentinos mergulhou no conteúdo de parte desse material para organizar e digitalizar.
A historiadora francesa Maud Chirio, fundadora da Rede Europeia pela Democracia no Brasil (RED.Br), foi uma das idealizadoras do trabalho e contou a Lula que “essas cartas não são apenas sobre o Lula, são sobre democracia, sobre solidariedade e sobre como as políticas públicas mudaram a vida das pessoas”. “Quando tivemos contato com essas cartas ficou óbvio o valor que elas tinham. São relatos emocionantes, de pessoas que mudaram de vida por conta da política. Numa época de negação da política, essas cartas são a prova de que a política é importante para a vida real das pessoas”, conta Maud.
A historiadora disse também que o momento político e os ataques ao Instituto Lula a fizeram temer pela segurança desse material. “Avaliamos que esse material está em risco pela perseguição que aconteceu aqui e, como historiadores, nos dedicamos a divulgar e preservar a riqueza que tem ali”. Além do site Linhas de Luta, com cartas em português, francês, inglês e espanhol, em junho do ano passado, trinta e oito artistas, políticos e intelectuais franceses e brasileiros se encontraram no palco do teatro Monfort, para a leitura de 80 cartas enviadas ao ex-presidente.
Segundo reportagem feita na época pela Rádio França Internacional, “o teatro parisiense, com capacidade para 450 pessoas, ficou lotado para ouvir o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, as atrizes Maria de Medeiros e Anna Mouglalis, a jornalista Audrey Pulvar, o ex-deputado Jean Wyllys e a filósofa Marcia Tiburi, entre outras personalidades, se revezarem na leitura das cartas, às vezes intercaladas por vídeos gravados no Brasil com artistas que não puderam estar presentes, como Antonio e Camila Pitanga, Marieta Severo e Renata Sorrah”.
O evento foi iniciativa de Maud, com a dramaturgia assinada pelo autor e diretor francês Thomas Quillardet em parceria com o bailarino e coreógrafo brasileiro Calixto Neto. E o desafio não acabou. O grupo pretende seguir trabalhando com as cartas. Além do site Linhas de Luta, e da peça teatral, os pesquisadores agora pensam na realização de um filme, com produção francesa, sobre o material. Com informações do Instituto Lula.