Em entrevista ao programa ‘Isso é Bahia’, da rádio A Tarde FM, na última terça-feira, (20), o coordenador da Brigada Voluntária Anjos da Chapada, que fica em Seabra, na Chapada Diamantina, César Maciel, afirma que o empenho das equipes tem sido essencial para impedir uma destruição semelhante a registrada em 2015, quando incêndios florestais destruíram 51 mil hectares de vegetação.
“Tivemos um surto e ficamos com medo de acontecer novamente o que aconteceu em 2015, mas as brigadas estavam empenhadas e desenvolveram um fortíssimo trabalho para que a situação não tivesse saído do controle. Somos pessoas comuns com treinamento profissional, parte do programa Bahia sem Fogo, que dedicam voluntariamente seu tempo em prol da comunidade”, afirmou o brigadista, que lamentou o pouco incentivo estadual para as organizações que buscam combater o fogo em importantes regiões da Bahia.
“As brigadas voluntárias estão em lugares onde o Estado não está por algum motivo. Se as brigadas tivessem mais veículos e recebessem mais atenção, os grandes incêndios seriam combatidos com mais eficiência. Não que não sejamos apoiados, mas precisamos de um pouco mais. Nunca recebemos um veículo por parte do estado e essa é uma sugestão. Se pegassem um dos veículos que está em pátio e fornecessem para as brigadas voluntárias, com certeza chegaríamos mais rápidos em foco de incêndios. É preciso de uma política direta”, avaliou.
No entanto, pode-se observar um fenômeno de “criminalização das brigadas voluntárias” nas redes sociais, que disputam a narrativa ambiental em algumas partes do país. Em 2019, quatro brigadistas foram presos pela Polícia Civil de Alter do Chão, no estado do Pará, acusados de disseminar queimadas na região em um inquérito controverso que foi refutado pela Polícia Federal no qual um laudo afirmou “não ser possível identificar a autoria”. César Maciel afirma que essa questão não chegou a impactar o trabalho da Anjos da Chapada, que já tem uma reputação de três décadas no combate ao fogo na região, mas que a atuação de pessoas “sem caráter” nas redes sociais acaba pondo em xeque um trabalho sério.
“Não tivemos esse problema aqui. Conhecem nosso trabalho na Chapada Diamantina, sabem da seriedade e que temos essa questão de preservar a natureza. Vi um vídeo onde brigadistas faziam uma queima controlada, que é onde você elimina um ponto à frente do atual ponto do fogo para que o mesmo não ultrapasse, e pessoas pegaram esse vídeo e viralizaram como se as próprias brigadas estivessem colocando fogo. Qual o intuito? Muitos de nós vivemos disso aqui. 90% dos nossos brigadistas por exemplo são guias turísticos. Como vamos querer destruir aquilo que nos sustenta?”, ressaltou. Jornal da Chapada com informações do A Tarde.