Há quase 10 meses, no dia 29 de março de 2020, foi registrado o primeiro caso que evoluiu para óbito por complicações do novo coronavírus na Bahia. A notificação foi na capital baiana e, ao passar dos meses, o número de casos confirmados, de uma doença ainda desconhecida, tomou proporções até chegar nos 417 municípios do estado.
Desse quadro epidemiológico, apenas 20 cidades não registraram mortes por covid-19. A estimativa foi levantada pelo jornal Correio 24h com os dados abertos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab-BA) e confirmado com os boletins epidemiológicos emitidos pelas prefeituras.
Dos 20 municípios, cinco fazem parte da região da Chapada Diamantina: Ibiquera, Novo Horizonte, Rio de Contas, Jussiape, e Lajedinho. As características em comum é que são pequenos em relação a área territorial, têm menos que 20 mil habitantes, e com baixa infraestrutura de saúde para casos graves da doença.
Em Ibiquera, o primeiro confirmado para a doença foi após cinco meses de pandemia. No período, mesmo sem notificações, o município, administrado pelo prefeito Ivan Almeida (PP) aderiu ao sistema de isolamento social, por meio de decretos e campanhas educativas sobre a covid-19 para que a população se mantivesse longe da doença, além de medidas de prevenção como a limpeza e desinfecção de áreas públicas da cidade. Atualmente, Ibiquera tem 24 casos confirmados.
Em Novo Horizonte, a cidade já tinha entrado para a história por ser a última de toda região Nordeste a registrar um caso de covid-19, fato que só veio a ocorrer no dia 22 de setembro, segundo os dados da Sesab. Foram mais de seis meses livre do coronavírus e, se pelo menos depender do que espera o prefeito Djalma Abreu dos Anjos (PP), a cidade não verá mortes por causa da doença.
Rio de Contas é duas vezes maior que Jussiape, e quase três vezes maior que Lajedinho em relação ao número de habitantes. Atualmente, os municípios registram 129, 91 e 82 casos confirmados respectivamente. Lajedinho tem quase 4 mil habitantes e segue com nove casos ativos.
Para o professor Gesil Sampaio Amarante, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e membro do grupo de estudos ‘Geovid-19’, a baixa população dessas cidades é um fator que contribui na ausência de óbitos, mas é preciso levar em conta o problema da subnotificação.
“É importante lembrar que a gente nunca sabe exatamente o número de infectados, pois existem casos que não são notificados, não chegam aos conhecimentos das autoridades de saúde. É mais difícil ter subnotificação de morte, mas tem casos de pessoas que foram buscar atendimento médico em outra cidade e o óbito acaba não sendo registrado no local de residência do doente”, explica.
Esse tipo de erro na notificação apontado pelo professor acontece atualmente. O boletim da Sesab, por exemplo, aponta que 27 cidades não registraram óbitos, mas foi confirmado pelo jornal Correio 24h que pelo menos sete dessas já tiveram alguma morte, o que reduz o número de municípios sem morte para 20.
Jornal da Chapada