A partir de uma planilha, do governo federal obtida pelo jornal Estadão, o presidente da CPI que investiga as ‘fake news’ bolsonaristas, o senador baiano Angelo Coronel (PSD-BA), é um dos políticos que receberam sinal verde do Palácio do Planalto para direcionar R$40 milhões em recursos extras do orçamento a obras em seu reduto eleitoral. A planilha registra um repasse total de R$3 bilhões a 285 parlamentares.
A liberação das verbas ocorre em um momento em que a eleição para presidência da Câmara e o Senado entra em um cenário decisivo. O PSD, partido de Coronel, está fechado com os dois candidatos defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro. A legenda fechou apoio a Arthur Lira (Progressistas-AL) na disputa pelo comando da Câmara e a Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado.
Gilberto Kassab, líder nacional do PSD, recebeu a maior fatia do bolo disponibilizado pelo governo às vésperas das eleições no legislativo. Foram R$600 milhões, 20% do total de R$3 bilhões. Ao Estadão, o senador afirmou que não há qualquer relação entre o direcionamento de recursos e as eleições do Congresso. “É minha obrigação, como parlamentar, correr atrás de obras para o meu estado. É normal, mas em nenhum momento foi em troca de votação”, disse. A verba já tinha sido prometida desde 2019″, argumentou. Desde então, ele diz que não tratou mais com o governo sobre as verbas extras.
A CPI das ‘Fake News’ anda em paralelo com o inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal. Como mostrou o Estadão, as investigações do Supremo sobre ameaças, ofensas e notícias falsas espalhadas nas redes sociais contra integrantes da Corte fecharam o cerco sobre o “gabinete do ódio”, grupo de assessores do Planalto comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Jornal da Chapada com informações do jornal A Tarde.