Presidente do PSL na Bahia e única representante do Estado pelo partido na Câmara dos Deputados, Dayane Pimentel diz que a pandemia causada pelo coronavírus fez com que ela tivesse outra visão do governador Rui Costa (PT). “Ele se mostrou um verdadeiro governante, óbvio que tenho críticas, não só a ele, mas eu entendo que ele consegue responder à população de uma maneira melhor que o governo federal. A minha relação com o governo se tornou, no meio da pandemia, aberta”, aponta.
Dayane não descarta, por exemplo, que o PSL esteja no mesmo palanque que o PT em 2022, mas pondera que a decisão será tomada em acordo com o MDB. “Vamos buscar o espaço que merecemos. O partido é mais aberto e democrático depois da saída do Bolsonaro. Se o conjunto achar melhor lançar candidatura própria, vamos fazer. Se achar que devemos estar do lado a, vamos. Lado b? Vamos”.
Para ela, o presidente Bolsonaro tenta a todo custo se reaproximar da sigla. Um ingresso do chefe do Palácio do Planalto não está descartado. “A política é arte do possível. Podemos dialogar com Bolsonaro, ou qualquer outro”. Ela falou na última sexta-feira com este Política Livre, por telefone, sobre estes e outro temas.
Confira a entrevista na íntegra:
Política Livre: Deputada, queria que a senhora falasse da situação do PSL na Bahia. Vocês já foram base de Bolsonaro, na última eleição apoiaram até candidatos do PT… Como está agora?
Dayane Pimentel: Então, é muito necessário contextualizar. Quando assumi, em 2018, todos os vereadores eram da base de Rui (Costa, governador da Bahia). Esse pessoal, quando entramos, aguardou a janela para migrar para partidos que representassem suas ideias. Eu não expulsei ninguém. As pessoas acharam que eu iria fazer isso, eu cheguei depois e eu os esperei tomarem as decisões. Partimos do zero. Tínhamos no contexto dos filiados do PSL as pessoas muito ligadas a Bolsonaro que quiseram ficar no partido, mas sem expressão. Como Bolsonaro prometeu que iria manter o partido, tivemos que pagar essa conta. Com os resultados de 2020, começamos a olhar quem dos nossos poderia continuar e quem iria ajudar. De lá pra cá, estamos agregando nomes políticos, tradicionais, ex-prefeitos, prefeitos, para compor com a gente para 2022. O PSL passou por uma transformação, limpeza, oxigenação. É com isso que vamos para 2022.
A senhora citou nomes tradicionais e, recentemente, o ex-prefeito Luizinho Sobral entrou no PSL. Como trazer nomes já conhecidos da população e se afastar da velha política?
O Luizinho não é só voto na urna. É experiência, tem o grupo dele, de toda uma região, conhece muitas figuras fundamentais. Qual a diferença do que chamamos de velha política para nova? Justamente, a ficha de cada um. Ele é um homem ilibado, ficha limpa, mudou Irecê. Tem histórico que nos leva a crer que é uma boa política. Não contamos o tempo, mas as ações.
Como a senhora descreveria o ex-prefeito ACM Neto, o prefeito Bruno Reis e o governador Rui Costa?
Os três, hoje tenho ideia, são administradores que governam pensando no povo. O prefeito ACM Neto é apenas o que está provado, o melhor prefeito até então. Espero que Bruno Reis supere, mas ele foi muito habilidoso, melhorou Salvador. Bruno Reis é muito habilidoso, compunha o governo Neto. Sobre o governador, já teci muitas críticas e farei sempre que preciso, mas com a pandemia entendemos que a política transformou nosso modo de pensar. Ele se mostrou um verdadeiro governante, óbvio que tenho críticas, não só a ele, mas eu entendo que ele consegue responder à população de uma maneira melhor que o governo federal. A minha relação com o governo se tornou, no meio da pandemia, aberta. Não tinha esse canal de diálogo.
Vocês do PSL estão em articulação com o MDB na Bahia. Pensam em ter candidatura ao Executivo em 2022?
Temos hoje um bloco, junto com MDB. Buscamos o respeito que entendemos que merecemos. A partir desse respeito queremos abrir espaços para acoplar pessoas sérias e transformar política públicas. Temos condições. Vamos esperar pesquisas para ter posição sensata, ouvir correligionários como Luizinho sobral, prefeitos, banda “a” de municípios, banda “b”, pessoas que querem vir para o PSL, mas ainda não estão filiados. Vai passar por todo conjunto. Vamos buscar o espaço que merecemos. O partido é mais aberto e democrático depois da saída do (presidente Jair) Bolsonaro. Se o conjunto achar melhor lançar candidatura própria, vamos fazer. Se achar que devemos estar do lado a, vamos. Lado b? Vamos.
Quem parece estar muito interessado no PSL é o deputado Elmar Nascimento (DEM). Tem espaço para ele?
Eu fico muito lisonjeada. O Elmar, o que eu posso dizer é que ele não fala pelo PSL, mas a vontade de integrar é natural, é normal que as pessoas queiram estar em um partido grande, mas esses diálogos passarão por um corpo, não vou trazer ninguém que possa ameaçar os quadros que já temos. Acredito que o PSL não pode ser válvula de escape de quem está insatisfeito. Temos cuidado em entender que o PSL não visa apenas quantidade. Elmar é experiente, mas isso não significa que essas pessoas são as peças que estamos procurando. Em 2018, o DEM deixou de eleger nomes por conta da legenda. Talvez o Elmar pudesse contribuir com o próprio DEM. Pode ser que eles precisem em 2022. Toda nossa construção passa pelo conjunto. Ele não foi convidado para o partido pela Executiva da Bahia, nem pelo nacional e estamos focados na luta contra a Covid.
O deputado Luciano Bivar, presidente do PSL, mantém boa relação com Bolsonaro. Às vezes parece que ele quer o presidente de volta. A senhora acha que essa possibilidade existe?
O perfil do Luciano é democrático. Sendo liberal, antes da minha chegada tínhamos o Marcelo Nilo. Isso denota o perfil dele. Não é Bivar quem procura Bolsonaro. É Bolsonaro que nunca se desligou de vez. Ele acredita que, se nenhum partido der passagem, o PSL pode ser a válvula de escape. Importante entender que todos os deputados da base do bolsonarismo continuam lá. Não fazem questão de sair. A política é arte do possível. Podemos dialogar com Bolsonaro ou qualquer outro. O Bivar tem respeitabilidade ao Poder do Executivo, há essa diplomacia, forma humana de fazer política.
A senhora se apresentou como “a federal de Bolsonaro”. Tem arrependimento de ter feito campanha e votado no presidente?
Não me arrependo. Na época, ele defendia o que eu defendo. Eu fui muito subestimada por fazer política num Estado de esquerda. Nunca apontei o dedo pra ninguém antes de saber que a pessoa tinha condenação jurídica. Eu sigo nessa linha, eu dizia que mesmo como eu criticava Lula, Dilma, Temer, eu criticaria Bolsonaro, não imaginaria que seria tão necessário. As ideias que eu tinha, eu continuo. Ele se desvia, tenta salvaguardar a si e a seus filhos. Teve muita mudança, a própria vontade de dialogar com todas as forças, você não faz política só de fala, mas de ações. Ações são saneamento básico, maquinários e tudo isso passa pela força e pelo poder. Precisamos estra abertos ao diálogo. Extraído na íntegra do Política Livre.