O graduando em História pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Luiz Alexandre Brandão, 23 anos, finalizou uma pesquisa sobre ‘Lavras Diamantina’, que durou cinco anos de estudos. Ele ainda pensa em lançar esse material, cujo título é ‘Lavras Diamantinas: Formação da Propriedade Fundiária e Socioeconômica’, como um livro.
Em 2017, no início da pesquisa, ele conta que o intuito era estudar a dinâmica da extração de diamantes nas Lavras no século XIX. No entanto, conforme a continuidade do estudo, ele conseguiu também “verificar a existência de uma sociedade extremamente opulenta, em que a circulação de riquezas era intensa a partir do comércio”, conta. A orientadora da pesquisa foi a professora e doutora Maria Aparecida Silva de Sousa (Departamento de História da Uesb).
“Algumas parentelas como os Rocha Medrado, os Martins Pereira, os Botelho de Andrade, os Souza Spinola e os Azeredo Coutinho se destacavam no cotidiano daqueles lugares, e como acionistas de companhias de mineração e proprietários de largas extensões de terras para fins agropecuários, acumularam intensas riquezas”, ressalta Brandão.
De acordo com o universitário, o intuito da pesquisa é pensar, a partir de problemáticas, sobre a desigualdade na distribuição de renda e a partir disso, entender “a constatação de que a região da Chapada Diamantina tem uma das rendas per capitas mais baixas da Bahia”, informa, ao acrescentar que “a história das Lavras nos mostra que desde 1844, quando se iniciou a extração, algumas parentelas, a exemplo das supracitadas, se apropriaram de enormes porções de terras”.
“Foi possível vislumbrar que, enquanto essas famílias enriqueciam, o braço escravo também foi fundamental para que essa opulência constratasse com a pobreza”, diz o estudante. Luiz relata que, em sua visão, a Chapada Diamantina teve uma dinâmica escravista diferente.
Em um dos pontos de disparidade, ele cita que: “na Chapada, demonstra-se que o número de escravos mortos na atividade de mineração foi consideravelmente maior, pela natureza árdua da atividade, e que diferentemente de outras regiões em que estes poderiam receber pequenas parcelas de terras para roçar mais comumente no domingo, os indivíduos tinham espécies de campos de cultivo para todos em próprias regiões próximas de seus locais de trabalho”.
O graduando informa que “é interessante também observar que muitas regiões que hoje são atrativos turísticos, como várias cachoeiras da região, antigamente eram fruto de intensa disputa comercial e de mineração, e muitas dessas foram vendidas como propriedades para a mineração”.
Jornal da Chapada